segunda-feira, 5 de julho de 2010

JORNAL MOTORISTÁXI Nº 23

JORNAL MOTORISTÁXI Nº 23

ONDA DE ASSALTOS NA CIDADE DO PORTO

Nestes últimos trinta dias temos vindo a assistir a mais uma vaga de assaltos.
Foram dois no bairro do largateiro, um na zona da Maia, um na zona dos Carvalhos, um na zona de Arca D’Água e um outro na fontinha.
Roubaram dinheiro, telemóveis e causaram ferimentos.
Fundamentalmente estão a causar danos psicológicos a todos os Motoristas.
A segurança, tem sido um tema abordado constantemente pelo nosso jornal, temos consciência do quão difícil é a resolução deste problema, no entanto estamos convictos de que qualquer que seja a medida a tomar, passará por medidas concretas, nomeadamente e em primeiro lugar, convencer definitivamente a maioria do nosso sector, com argumentos válidos, de que de facto é preciso criar condições de mais e melhor segurança.
Enquanto este trabalho não for feito, “é andar a construir uma casa pelo telhado”, o reunir com entidades governamentais é a coisa mais fácil, claro que é pomposo. Mas enquanto não se conseguir um aval da maioria, tudo não passa de uma utopia.
A prevenção continua a ser a nossa melhor arma. E para isso, também á que fazer e promover acções pedagógicas.

À CONVERSA COM


O Senhor Tomas já anda nos táxis à muitos e muitos anos, tem uma vastíssima experiência de vida, nomeadamente no nosso sector.
Encontramo-nos frequentemente na postura de Sá Carneiro, e sempre que possível trocamos ideias sobre diversos assuntos , desta vez foi realmente sobre alguns episódios interessantes, e que tive a preocupação de tomar notas para desta forma os divulgar.
« Já lá vão umas dezenas de anos. O Senhor Tomás estava na antiga postura da Batalha, vem um cliente:

- Eu queria ir para Águeda, pode ser? É que estou a chegar da Venezuela e quero ir o mais depressa possível para casa

- Vamos lá embora.

Durante a viagem tudo correu bem, era pessoa com muito bom aspecto, vestia bem, sempre com uma conversa aparentemente convincente, e procurava transmitir uma certa calma.
Quando chegaram à referida localidade, começa a indicar o caminho, agora para a esquerda, agora para a direito, sempre em frente, até que o nosso estimado colega, verifica que passa pelo mesmo local umas duas vezes, e… alto lá, à qualquer coisa que está mal. Até que manda parar e:

- È aqui. Agora por favor aguarda um pouco porque tenho de ir buscar dinheiro.

- Meu caro senhor, eu não aguardo, vou consigo!

Mesmo em frente estava uma casa de lavrador, em segundos Ele deita a correr e “enfia-se” numa das divisões.
O senhor Tomas não tem mais nada, bate à porta e vem um sujeito.

- Que deseja?

- Sou taxista, transportei uma pessoa que deve ser seu filho, não me pagou e fugiu para ali (indicando o local).

- Mas eu não tenho filhos, mas vamos ver o que se passa.

Antes de sair o homem pegou numa “sachola” e dirigiu-se ao local.
Era um “ AIDO DE PORCOS” onde o individuo estava de facto metido, fizeram-no sair, estava todo sujo.

- Ò meu caro amigo, estamos em propriedade minha, não se faz mal ao homem, eu sei de quem é filho, e eu vou com o senhor a casa da Mãe.

- Muito bem, e fico agradecido.

A Mãe pagou a corrida.»

UM OUTRO E PEQUENO EPISÓDIO

Estava na postura de Campanhã, chovia torrencialmente. Quando da minha vez, vejo um homem com uma grande mala, dirigiu-se para o seu táxi, abriu a porta, entrou, fechou a porta e disse para o transportar para a residencial Século.

Chegados ao local, pagou a corrida e:

- Senhor motorista, agora quero a minha mala.

- Mas o Senhor não tem bagagem,

Voltaram à estação, e por sorte, o bagageiro que se tinha apercebido da situação guardou a respectiva mala.

LEVEZINHOS NO CARTAXO

Os “taxistas sabem muito mais do que só conduzir” foi uma frase que escrevi já lá vão, muito perto dos vinte anos, mas que continua actualizada.
Os profissionais de táxis, naturalmente são pessoas normalíssimas, com defeitos e virtudes, e ao contrário da imagem negativa que ainda e de alguma forma, injustamente transparece para o exterior, a verdade é que internamente existe de facto, grande humanismo, muita sensibilidade, e enormes capacidades. Para desfrutarmos convenientemente de tudo isto, só temos que ser humildes quanto baste.
Esta minha pequena introdução, é só para dizer que ao acompanhar o grupo de motoristas de táxi “Levezinhos” na sua deslocação ao Cartaxo, cujo objectivo foi o convívio e o lazer, pude constatar todos estes ingredientes, concretamente humildade e um grande colectivismo.
Partimos da Praça Francisco Sá Carneiro mais ou menos às 07.45, os Levezinhos todos equipados a rigor; fato de treino, sapatilhas, bonés, sacos, tudo em azul e branco, preparados para o jogo amigável e realizar no Cartaxo.
Fomos recebidos familiarmente, um belíssimo ambiente, tive a oportunidade de conversar com a Mãe de dois jogadores e avó de um, que transmitia boa disposição e uma enorme alegria por ser protagonista de um bom convívio.
Antes do jogo houve uma troca de lembranças, toda a nossa comitiva recebeu uma saca com uma t-shirt e uma garrafa de vinha do Cartaxo. Nós oferecemos uma placa alusiva ao encontro/convívio.
O jogo em si correu muito bem, com muito “fair- Play”o resultado (perdemos 10~2) para nós não foi o melhor, mas também não era isso o mais importante.
Seriam umas 14.00 horas, quando entramos no restaurante para assim darmos continuidade ao encontro, comemos e bebemos, todos nos divertimos com as “dicas” uns dos outros, tudo numa boa disposição. Um ponto que pessoalmente me sensibilizou, e talvez pela minha forma de estar desse importância, ao que muitas vezes não se dá, é que felizmente e finalmente num grupo de motoristas de táxi, não vi a mesa do almoço com lugares “destacáveis” ou “presidencialistas”, tudo se sentou onde e como quis. È por estas e por outras que tenho muito prazer em apoiar este grupo.
Chegamos ao Porto por volta das 20.00 horas, todos com o espírito de “dever cumprido” e porquê? Porque realmente correu tudo muito bem, grande demonstração de camaradagem, de solidariedade, e de fraternidade. Aprendi mais com este encontro, Muito obrigado.

Parabéns pela forma responsável e organizada que todos os seus elementos têm demonstrado.


GAFANHA DA NAZARÉ

É Óbvio, que para poder preencher este pequeno jornal mensalmente com pequenos episódios, obriga-me a fazer uma abordagem constante aos vários profissionais, sempre que os vá encontrando ocasionalmente.
E foi o que aconteceu com o Senhor Domingos Porto, o que mais me marcou nesta nossa curta conversa, foi o facto de com os seus 75 anos de idade revelar uma memória invejável. Entre muitas outras coisas, lembra-se de que foi no dia 13 de Dezembro de l975 o seu primeiro dia de trabalho como motorista de táxi.

- Ó Senhor Domingos, então conte-me lá um episódio como motorista de táxi.

- Sei lá, tenho tantos. Estou a lembrar-me de um individuo que me entrou no táxi a mancar, e que até foi preciso dar uma ajuda, mas quando foi para pagar levantou-se e fugiu a correr.

- Essa já me contaram, talvez uma outra.

« Estava na postura de S. Roque, 01.30 horas da manhã, no lado oposto via-se uma viatura estacionada com um individuo às voltas, tira triângulo, põe triângulo, abre porta, fecha porta. Até que se dirige para o táxi.

- Ó Senhor motorista o carro fica bem ali?

- Meu caro amigo, nem eu estou bem aqui!

- Queria que me levasse a Gafanha da Nazaré, pode ser?

- Vamos embora.

De início algum diálogo, até que adormeceu. Só quando estavam em Aveiro é que o Senhor Domingos o acordou.
Ao chegar a Gafanha da Nazaré, começa a indicar o caminho, ora para a esquerda ora para a direita, sempre em frente. É aqui. O nosso colega pensou logo num sítio ideal para fugir, mas não, foi muito pior, apontou-lhe uma grande faca, chegou mesmo a picar-lhe e roubou-lhe os únicos 550$00 que tinha e não pagou a corrida no valor de 11.460$00.
Posteriormente deslocou-se a um posto da polícia, não só para participar o que lhe tinha acontecido, mas também com o objectivo de uma declaração com a descrição do que tinha acontecido como forma de justificação.»

FRASES

Operador da Invicta

“Ó 635 você é de raciocínio lento!
:-Não responde?”

“O Senhor está-me a chamar doutor, mas eu ainda não sou doutor, sou operador”

“Não é preciso estar sempre a carregar,
:-Gasta os botões
:-Gasta os dedos…”

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SUMÁRIO

  • Assaltos na cidade do Porto
  • À conversa com
  • Levezinhos no Cartaxo
  • Gafanha da Nazaré
  • Frases


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