È muito frequente os motoristas falarem da formação profissional, tanto para a renovação como para a aquisição inicial do CAP.
São vastas as críticas e opiniões sobre este tema, uns, porque (dizem) não vão aprender nada porque até já andam cá à muitos anos, outros, porque tudo não passa de uma brincadeira, e de que se trata (dizem) de mais uma forma de ganhar dinheiro.
Sou a favor da formação contínua, com uma programação de ensino devidamente adequada e actualizada e administrada por sectores independentes.
Aprender, Aprender sempre!
Mas na realidade, para onde se dirigem as maiores críticas, é sem dúvida alguma, para a má qualidade dos formadores. Não têm capacidade de ensino, na maioria dos casos demonstram uma grande falta de cultura geral, muita dificuldade em estabelecer diálogo, nomeadamente quando confrontados com questões pertinentes, até mesmo referentes ao sector.
A formação não pode ser só um acto formal, onde se paga uma (enorme) quantia e prontos está feito, antes pelo contrário, apesar de se tratar só de uma formação profissional, deverá ser bem administrada, responsa-velmente conduzida e seriamente avaliada. Por tudo isto, são necessários formadores com qualidade, com formação académica, podendo desta forma explicar (em bom português) todas as matérias em questão, sensibilizando e cativando todos os motoristas a aprender sempre mais.
Novo Separador
No dia 10.09.2009 estivemos na delegação da Antral, tentamos montar o novo separador numa viatura táxi, com o objectivo de durante alguns dias fazer uma experiência, e assim podermos tirar algumas conclusões.
Não foi possível concretizar, pois não conseguimos FIXAR o separador de forma correcta, evitando uma permanente e constante oscilação que iria perturbar o trabalho do condutor, para além da má imagem que eventualmente transmitiria.
Optimistas, estamos convencidos de que o problema não é do material em si, mas sim da nossa falta de experiência. Nesta fase inicial e experimental, talvez fosse necessária a presença de uma pessoa qualificada para uma conveniente demonstração de montagem e simultaneamente esclarecer quaisquer dúvidas a colocar.
Para além disso, acreditamos na mais valia deste separador, não só porque tem a vantagem de continuar com a lotação normal, mas também porque pode rodar o banco à medida do condutor, porque não fica totalmente isolado, (existe um pequeno espaço à frente) que deixa circular o ar dentro da viatura. Depois dos devidos ajustes o seu manuseamento é muito fácil. Seria um grande contributo para a segurança dos Motoristas, resolveria definitivamente 70% dos problemas com que nos deparamos diariamente.
Temos plena consciência de que tudo isto é "REMAR CONTRA A MARÉ", porque na realidade grande maioria não é sensível ao problema, argumentando as coisas mais incríveis que se possa imaginar.
SERÀ QUE É MELHOR NÂO TER NADA COMO SEGURANÇA? OU ENTÃO, QUE SEGURANÇA QUEREM OS MOTORISTAS? Vamos continuar a dar o nosso contributo para de alguma forma alertar para o grande problema da nossa insegurança.
À NOITE
Depois de uma longa noite de trabalho, e à conversa com o nosso colega José Quezada dizia ele:
-Ò Henrique! Nunca me tinha acontecido.
-Então o que foi?
-Estava na postura do Marquês, vem uma cliente que se dirige ao carro da frente, o motorista olha para a ciente e diz que não a leva. Muito zangada vem para a minha viatura, diz qual o destino que pretende e seguimos viagem. Após alguns minutos começa a disparatar dizendo que não era nenhum travesti que era muito mulher, e em plena viatura levanta a saia completamente, desce as calças e diz: pode ver que sou muito mulher e diga isso aos seus colegas!
GENTE FINA… È OUTRA COISA
São 5 horas da manhã, respondo a uma chamada para o calor da noite. Duas meninas brasileiras e um sujeito na casa dos 45 anos.
- Boa noite, rua Gonçalo Cristóvão em frente ao JN, e depois é para seguir para o Fleming.
- Sim senhor. (penso eu num bom serviço)
Chegamos a Gonçalo Cristóvão, uma sai e vai a casa, todos estão bem-dispostos, Ele diz que é de Viseu, e que tenho de lá ir porque está muito bonito.
Entretanto a que tinha ido a casa volta, entra no carro e diz-lhe:
- Amor tens de pagar antes (mas a falar quase em código)
- Querem que eu saia para falarem melhor?
- Está bem senhor motorista, muito obrigada.
Ficam os três a falar, e de repente ele abre a porta todo encrespado e manda-a sair da viatura insultando-a, ela por sua vez retribui os insultos. Bom, o indivíduo perde as estribeiras, pega pelos colarinhos do casaco, e bate com ela três ou quatro vezes contra a parede, abriu-lhe a cabeça, eu só via sangue. O sujeito queria que eu o levasse ao hotel e as deixasse ficar, eu disse que não, pois tinha de chamar a polícia, uma delas diz que não porque está ilegal.
Tinha de tomar uma decisão, e pedi à central para ligar à polícia. Enquanto os mesmos não vinham tive de separar o homem para não magoar ainda mais as meninas.
Veio o carro patrulha mais o INEM e mais polícia, identificaram os presentes (já só estava uma menina) tomaram nota de toda a ocorrência e dizem ao cliente para me pagar a corrida. Ele com o nariz quase encostado ao polícia, diz que não paga porque está do lado delas. E sabe para quem está a falar? Para o homem mais rico de Viseu, gastei com elas mais de dois mil euros.
O Agente vira-se para mim e informa de que tenho seis meses para apresentar queixa contra o cliente e… pode ir embora.
Moral da história, à noite todos são vistos pelo lado negativo, mas felizmente que assim não é, existe muito boa gente a trabalhar no turno da noite, mas que por questões profissionais têm de transportar o que mais degradante temos na nossa sociedade, inclusive os mais ricos…
Moreira RT 314
SUMÀRIO
· Formação Profissional
· Novo Separador
· À Noite
· Gente fina…è outra coisa
· Uma Dormida
· Bonjóia
Convívio de motoristas da postura de Campanhã
Realizou-se no passado dia 19 de Setembro mais um passeio que teve como destino o Santuário de Nossa Senhora de Lapa, em Sernancelhe. Desta feita, com organização dos nossos colegas Durães e Manuel. Teve partida da Rua da Estação, junto á postura de Campanhã, rumando em direcção á Régua, com paragem no Alto de Quintela para o pequeno-almoço, seguindo depois a Lamego, Tarouca, Moimenta da Beira e Sernancelhe. O Núcleo do Jornal Motoristáxi, felicita esta organização pela possibilidade de mais um convívio salutar entre todos os colegas que nele participaram.
BONJÓIA
Encontrei no meu velho Porto
Uma fatia do céu, quase escondida.
Entre vielas e por pedras protegida
Tem velhos muros caídos.
Recantos reconstruídos.
Musgos abrigados por japoneiras
E rolas bravas num céu sem fronteiras
Uma casa filha da realeza
De frontaria sóbria e rara beleza.
Um lago solitário e circular
Onde os pardais s’embebedam
E as pombas vão mergulhar.
Um jardim feito a compasso
E um doloroso abraço
Entre o velho casario
E a loucura do rodopio
Que magoa e estilhaça
A cidade por onde passa.
Entre velhos choupos e
Uma figueira amuada,
Há um tanque viúvo d’água
E uma eira "aburguesada"
Este espaço tem sol e seiva renovada.
Bonjóia é uma golfada de vida
È uma glícinia florida
Que nos baralha os sentidos,
Que perfuma e acalma a dor,
È berço de sonhos não vividos
Onde a raiva adormece e acorda o amor.