JORNAL MOTORISTAXI Nº 10
SISTEMA GPS
Está a decorrer, com entusiasmo e muita dedicação o trabalho de montagem do sistema GPS na rádio táxis Invicta.
A central está montada, estão a ser introduzidos dados complementares, nomeadamente, actualização dos ficheiros com informações específicas das capacidades de cada motorista.
Cinquenta veículos já circulam com o monitor devidamente montado. No fim do mês de Junho tudo deve de estar pronto. Os meses de Julho e Agosto são dois meses para experiências, e no início de Setembro vai estar a trabalhar em pleno.
Desejamos as maiores felicidades para a total concretização dos objectivos, assim como também um voto de confiança em todo o vosso trabalho.
DUAS PERSONALIDADES
Estatura média, barba e cabelo brancos, bem vestido, bom nível cultural. Entrou no táxi e:
- È uma corrida pequena mas prefiro deixar a viatura aqui (praça Sá Carneiro) porque já bebi uns copos a mais.
- É preferível assim, até porque as multas são muito elevadas.
- Meu caro amigo, eu sou juiz e quero lá saber das multas para alguma coisa. Senhor Motorista, vamos seguir à rua Costa Cabral, entretanto eu indico o café onde quero ficar.
Seguindo as indicações do Senhor e depois de alguma conversa " da treta " chegamos ao tão desejado café, o taxímetro marcava quatro euros e tal, dá-me dez euros para a mão e…
- Fica com os dez euros na condição de me vir buscar daqui a uma hora.
- Sim Senhor !
Uma hora depois estava à porta do café, aguardei pelo senhor durante meia hora, como não apareceu, vim embora, marcando o taxímetro.
Duas semanas depois, no mesmo local o referido cliente entrou novamente na viatura:
- Mi leva aí por Costa Cabral, qui io te indico o caminho.
E sempre a imitar um sotaque espanhol.
- Eu falo bem português apesar de estar à muitos anos nos Estados Unidos.
Transportei-o para o mesmo café, mas nem lhe dirigi mais palavra. Boa noite.
Crónica
Ao passar pela Avenida dos Aliados está uma bonita estátua a invocar o autor das «Viagens da minha terra» e das «Folhas caídas», o poeta, escritor e político ALMEIDA GARRETT.
Quem sobe a praça Filipa de Lencastre, do lado direito, vê uma série de casas alinhadas e nem sonha que uma delas foi berço e residência do Bravo do Mindelo. Pelo menos, foi o que eu li algures, se bem que estou convicto que a verdade histórica não é como a verdade matemática. Res sunt, ergo cogito. As coisas são, logo penso.
João Manuel Vitorino Seixas
AS CHAVES
- Sim Senhor !
Uma hora depois estava à porta do café, aguardei pelo senhor durante meia hora, como não apareceu, vim embora, marcando o taxímetro.
Duas semanas depois, no mesmo local o referido cliente entrou novamente na viatura:
- Mi leva aí por Costa Cabral, qui io te indico o caminho.
E sempre a imitar um sotaque espanhol.
- Eu falo bem português apesar de estar à muitos anos nos Estados Unidos.
Transportei-o para o mesmo café, mas nem lhe dirigi mais palavra. Boa noite.
Crónica
Ao passar pela Avenida dos Aliados está uma bonita estátua a invocar o autor das «Viagens da minha terra» e das «Folhas caídas», o poeta, escritor e político ALMEIDA GARRETT.
Quem sobe a praça Filipa de Lencastre, do lado direito, vê uma série de casas alinhadas e nem sonha que uma delas foi berço e residência do Bravo do Mindelo. Pelo menos, foi o que eu li algures, se bem que estou convicto que a verdade histórica não é como a verdade matemática. Res sunt, ergo cogito. As coisas são, logo penso.
João Manuel Vitorino Seixas
AS CHAVES
O Silveira efectuou uma corrida do hotel Meridien para a rua do Almada. O cliente está notoriamente embriagado. Ao chegar a casa, revela dificuldade em abrir a porta, o Motorista oferece-se para ajudar.
O porta chaves tem várias chaves e como é óbvio o Silveira não sabe qual delas é. Tenta uma, tenta duas, mas entretanto a mulher do cliente apercebe-se do barulho, vem à porta e ao ver o estado do marido, diz:
- Ò homem, estás outra vês bêbado?
- EU? BÊBADO? NÃO! BÊBADO ESTÁ O SENHOR MOTORISTA QUE NEM SABE QUAL É A CHAVE PARA ABRIR A PORTA!
UM SONHO
Dois Motoristas falavam um com o outro, e a conversa era (como não podia deixar de ser) sobre as "corridas" que tinham efectuado, e daí um deles diz:
- Ontem é que fiz um serviço, estava na estação de Campanhã, entrou-me um casal e fui para Lisboa, foi uma viagem fantástica, paramos umas três vezes para petiscar e jantar e pagaram tudo, a viagem correu muito bem.
- E quanto recebeste pela corrida?
- Pois aí é que foi o pior, quando estava para receber, a minha mulher acordou-me.
ESTUPEFACTO
O Marques estava no campo 24 de Agosto quando lhe entrou um casal para transportar a Zebreiros. Naturalmente seguiu, rua do heroísmo, rua do freixo, rotunda do freixo, e finalmente entra na marginal. A determinada altura, e percorridos alguns kilometros, ouve a voz feminina:
- Está quieto!
Não dando muita importância ao assunto, continuava a fazer o seu trabalho. Já muito perto do local a menina pede para parar e que quer ficar ali, o individuo por sua vez diz que é para seguir, e durante um ou dois minutos estão os dois naquele impasse, vai não vai, pára não pára. Até que o Motorista sem saber o que fazer estaciona a viatura e:
- Peço desculpa, não sei o que se passa, mas seria bom decidirem o que fazer.
- Senhor eu quero ficar aqui, até porque já estou a telefonar para o meu namorado para vir ter comigo a este local.
- Não vamos deixar a menina aqui sozinha, diz Ele.
É óbvio, após este diálogo, concluir de que não se tratava de um casal de namorados, nem pouco mais ou menos. Entretanto ficaram à espera do presumível namoro…
O Marques continuava no seu posto de trabalho, quando vê a chegar uma motorizada. Estaciona e de imediato se dirige com agressividade ao motorista agarra-lhe na lapela e
- Mas o que é isto? Não é nada comigo, eu não tenho nada com o que se está a passar!
- Não é com o Senhor motorista, é com este senhor.
O outro sai da viatura, dá um pontapé na moto e deita-a ao chão, e inicia-se ali uma tentativa de ajuste de contas. Mas… por obra do Espírito Santo está a passar no local uma viatura da polícia marítima, o Marques faz sinal, eles param e conta-lhes o que se está a passar. Tudo ficou calmo, e chamaram a GNR.
Longos minutos depois chegou a referida brigada,
- Então como foi o acidente?
- Ó Senhor agente não se trata de nenhum acidente, a moto está no chão porque a empurraram! ( e conta o que se está a passar)
- Sendo assim, temos de chamar outra equipe, porque este assunto não é connosco.
Mais uns largos minutos e lá chegou a brigada que finalmente iria tomar conta do caso. Identificaram todos os intervenientes , ouviram os mesmos, e eis a versão do individuo que a acompanhava ;
- Estava na paragem das camionetas, não sabia muito bem os horários, até que apareceu aquela menina e disse ainda faltar algum tempo, então convidei-a a ir ao café tomar alguma coisa, Ela aceitou, fomos conversando animadamente, entretanto regressamos ao terminal de camionagem, não se vislumbrava qualquer transporte, decidi ir de táxi para Cebolide, e que lhe dava boleia ao que Ela aceitou, foi só isto.
Tudo voltava à normalidade, o namorado foi pedir desculpa ao motorista pela sua atitude, O Agente perguntou ao Marques se queria apresentar queixa, e se queria continuar o transporte para Cebolide.
-Senhor Agente quero é que me paguem a corrida, já chega as horas que eu estou a perder.
-O Senhor tem dinheiro para pagar ao Motorista?
- Graças a Deus não me falta dinheiro! ( e puxa por um maço de notas)
- Então vamos lá, eu vou levá-lo.
E lá foram para Cebolide, pagou a corrida e durante a viagem lá foi a contar como tudo aconteceu. Mesmo assim o mais prejudicado foi o motorista que esteve retido durante umas largas três horas.
ANTÓNIO ALEIXO
- Está quieto!
Não dando muita importância ao assunto, continuava a fazer o seu trabalho. Já muito perto do local a menina pede para parar e que quer ficar ali, o individuo por sua vez diz que é para seguir, e durante um ou dois minutos estão os dois naquele impasse, vai não vai, pára não pára. Até que o Motorista sem saber o que fazer estaciona a viatura e:
- Peço desculpa, não sei o que se passa, mas seria bom decidirem o que fazer.
- Senhor eu quero ficar aqui, até porque já estou a telefonar para o meu namorado para vir ter comigo a este local.
- Não vamos deixar a menina aqui sozinha, diz Ele.
É óbvio, após este diálogo, concluir de que não se tratava de um casal de namorados, nem pouco mais ou menos. Entretanto ficaram à espera do presumível namoro…
O Marques continuava no seu posto de trabalho, quando vê a chegar uma motorizada. Estaciona e de imediato se dirige com agressividade ao motorista agarra-lhe na lapela e
- Mas o que é isto? Não é nada comigo, eu não tenho nada com o que se está a passar!
- Não é com o Senhor motorista, é com este senhor.
O outro sai da viatura, dá um pontapé na moto e deita-a ao chão, e inicia-se ali uma tentativa de ajuste de contas. Mas… por obra do Espírito Santo está a passar no local uma viatura da polícia marítima, o Marques faz sinal, eles param e conta-lhes o que se está a passar. Tudo ficou calmo, e chamaram a GNR.
Longos minutos depois chegou a referida brigada,
- Então como foi o acidente?
- Ó Senhor agente não se trata de nenhum acidente, a moto está no chão porque a empurraram! ( e conta o que se está a passar)
- Sendo assim, temos de chamar outra equipe, porque este assunto não é connosco.
Mais uns largos minutos e lá chegou a brigada que finalmente iria tomar conta do caso. Identificaram todos os intervenientes , ouviram os mesmos, e eis a versão do individuo que a acompanhava ;
- Estava na paragem das camionetas, não sabia muito bem os horários, até que apareceu aquela menina e disse ainda faltar algum tempo, então convidei-a a ir ao café tomar alguma coisa, Ela aceitou, fomos conversando animadamente, entretanto regressamos ao terminal de camionagem, não se vislumbrava qualquer transporte, decidi ir de táxi para Cebolide, e que lhe dava boleia ao que Ela aceitou, foi só isto.
Tudo voltava à normalidade, o namorado foi pedir desculpa ao motorista pela sua atitude, O Agente perguntou ao Marques se queria apresentar queixa, e se queria continuar o transporte para Cebolide.
-Senhor Agente quero é que me paguem a corrida, já chega as horas que eu estou a perder.
-O Senhor tem dinheiro para pagar ao Motorista?
- Graças a Deus não me falta dinheiro! ( e puxa por um maço de notas)
- Então vamos lá, eu vou levá-lo.
E lá foram para Cebolide, pagou a corrida e durante a viagem lá foi a contar como tudo aconteceu. Mesmo assim o mais prejudicado foi o motorista que esteve retido durante umas largas três horas.
ANTÓNIO ALEIXO
O poeta António Aleixo, cauteleiro e pastor de rebanhos, cantor popular de feira em feira, pelas redondezas de Loulé (Algarve - Portugal) é um caso singular, bem digno de atenção de quantos se interessam pela poesia.Nasceu em Vila Real de Santo António a 18 de Fevereiro de 1899 e faleceu em Loulé a 16 de Novembro de 1949.Não sendo totalmente analfabeto, sabe ler e leu meia dúzia de bons livros - não é porém capaz de escrever com correcção e a sua preparação intelectual não lhe deu qualificação para poder ser considerado um poeta culto. Mas ficou sendo conhecido por o maior poeta popular (O poeta do povo).
POESIA
Vós que lá do vosso Império
prometeis um mundo novo,calai-vos,
que pode o povoqu'rer
um Mundo novo a sério.
Uma mosca sem valor
Uma mosca sem valor
Poisa c'o a mesma alegria
na careca de um doutor
como em qualquer porcaria.
P'ra mentira ser segura
como em qualquer porcaria.
P'ra mentira ser segura
e atingir profundidade
tem de trazer à mistura
qualquer coisa de verdade.
Em não tenho vistas largas
Em não tenho vistas largas
Nem grande sabedoria
Mas dão-me as horas amargas
Lições de Filosofia.
Sumário
· Sistema GPS
Sumário
· Sistema GPS
· Duas Personalidades
· Crónica
· As Chaves
· Um sonho
· Estupefacto
· Um sonho
· Estupefacto
. Antonio Aleixo
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