segunda-feira, 5 de julho de 2010

JORNAL MOTORISTÁXI Nº 16

JORNAL MOTORISTÁXI Nº 16

BOM EXEMPLO DA PSP

Seriam umas 23.00 horas, circulava na rua de Sá de Bandeira, e como sempre com as portas devidamente travadas. Estava parado nos semáforos com a rua Firmeza, dois indivíduos:
- Está livre?
- Estou sim! (não me levantaram suspeitas.)
- Queremos ir para o hotel Ipanema Park.
De imediato verifiquei de que não se tratava de clientes do hotel. Naturalmente era um ponto de referência.
Depois de Rotunda da Boavista e após percorrer cerca de 100 metros da avenida, um carro patrulha manda-me encostar.
Saí da viatura, os dois Agentes dirigem-se a mim e em voz alta;
- Então o que se passa com o candeeiro?
Mas logo em voz baixa ,
- Sabe quem transporta? Para onde vai?
- Não conheço os passageiros e vou com destino ao hotel Ipenema Park.
- Você leva aí “Duas peças” muito perigosas. VÁ, QUE NÒS VAMOS ACOMPANHÁ-LO ATÉ AO DESTINO.
E assim foi, os dois agentes seguiram atrás de mim até à postura de Lordelo. Entretanto, os respectivos utentes deram a entender que sabiam que tudo aquilo foi motivado por Eles. Chegados ao destino, pagaram, saíram e a polícia foi ter com os indivíduos.
Posteriormente vieram falar comigo, onde tive a oportunidade de lhes agradecer. UM BOM EXEMPLO.

SURPRESA

O Zé estava na rua Júlio Diniz. Da discoteca Swing veio uma cliente que entrou para a parte de trás do seu táxi que pediu para ser transportada para determinada rua ao Carvalhido.
Tratava-se de uma mulher dos seus trinta anos, muito bonita, bem vestida (de mini saia), onde se podia admirar umas belíssimas pernas. Notava-se que estava um pouco eufórica, talvez com um copito a mais, mas completamente lúcida.
Iniciou conversa com o Zé e de tal forma entusiasmada, que quando este dá conta, já Ela está completamente debruçada no espaço dos bancos da frente, e sempre a conversar.
O táxi chega ao destino, manda parar;
- È ali que eu moro.
E Vê do seu lado esquerdo duas casas antigas, térreas, bem conservadas, com o telhado em forma de triângulo. Paga a corrida, e…
- Quer entrar?
Os primeiros segundos do Zé foram de admiração e de reflexão, como que a pensar no que deveria fazer e quais as consequências que daí poderiam advir. No entanto decidiu aceitar o convite, estacionou o táxi e…lá entrou.
Por momentos ficou sozinho na sala de entrada, aproveitando para dar uma vista de olhos. Ela estava de volta e com dois copos na mão, já o Zé estava sentado no sofá e sem casaco.
Senta-se a seu lado de perna alçada, com todo aquele belíssimo aspecto, era sem dúvida uma bela mulher. Por sua vez Ele só pensava que tudo lhe parecia um sonho, não entendia como tudo lhe estava a acontecer.
Existe o primeiro contacto, um beijo e…um barulho de automóvel a gasóleo, mesmo ali à porta da rua. De imediato se levanta, vestiu o casaco e ficou de pé, eram três e meia da manhã, batem à porta, O Zé ficou estático e sem saber muito bem o que fazer. Ela com muita calma vai abrir a porta e entra uma outra mulher mais ou menos da mesma idade;
- Quem é este senhor?
- Um amigo do meu Pai.
E depois? Depois foi correr para o táxi e…tudo acabou assim, como um sonho.

O NOSSO DIA A DIA

Setembro de 1999, postura do 24 de Agosto, entra uma miúda aparentando os 20 anos de idade.
-Senhor motorista queria ir para o bairro do viso.
Naturalmente segui pelo caminho mais curto. Quando já estou no referido bairro;
-È para a torre (tem onze andares), e agradecia que esperasse um pouco porque vou pedir dinheiro à minha Mãe para pagar o táxi.
Boa apresentação, bem falante. Estive de acordo, no entanto tentei seguir todos os seus paços, precavendo qualquer eventualidade.
Quando tinha chegado ao local o taxímetro marcava esc: 770$00, esperei até aos esc: 1.000$00 e travei o taxímetro.
Como não vinha ninguém, fechei o carro, saí, e falei com alguns miúdos que por ali brincavam, na tentativa de saber de quem se tratava. Após alguns minutos fiquei a saber em que andar morava e até que se chamava Helena.
Chamei a Polícia de Segurança Publica, que veio de imediato, e depois de explicar o que se estava a passar, mais os elementos que tinha adquirido no local, prontificaram-se ir a casa da Helena. Com a ajuda de um dos miúdos, que depois de informar a casa exacta, o agente mandou-o embora.
Batemos umas duas ou três vezes à porta, só depois do senhor Agente se identificar verbalmente è que abriram a porta, eram os pais. Perguntamos se era ali que morava a menina Helena, responderam afirmativamente, ao mesmo tempo aparece Ela, de imediato a pedir desculpa porque se tinha esquecido.
O pai depois de saber do que se estava a passar, só perguntou quanto era a corrida e logo pagou.
Agradeci aos agentes, responderam-me, que não estavam ali para outra coisa, e sempre que precisem estavam ao dispor.
Tudo isto me sensibilizou, nomeadamente a situação daqueles pais que nada sabiam do que se estava a passar com a filha, foram apanhados de surpresa e senti que ficaram com vergonha pelo acto cometido.

FINALMENTE SISTEMA GPS

Em jornais anteriores, alertamos convenientemente para as normais dificuldades que iríamos enfrentar, na mudança profunda de sistema de trabalho na rádio táxis Invicta.
Consideramos de que os moldes criados para uma melhor adaptação, foram realmente muito positivos, nomeadamente as inclusões faseadas do sistema, criando desta forma maiores possibilidades de aprendizagem em cada operação a efectuar, não esquecendo naturalmente a formação disponibilizada para todos os motoristas.
A meados do mês de Novembro a operacionalidade do sistema situava-se em 70% na central e a 50% nas viaturas. Isto quer dizer de que as maiores dificuldades (normais) de compreensão do funcionamento ainda é por parte dos motoristas, mas que se espera nas próximas semanas um desenvolvimento no sentido positivo, de forma e muito rapidamente dar resposta adequada a todas as solicitações.
Naturalmente ainda à um longo caminho a percorrer, no entanto já podemos salientar alguns pontos muito importantes e bem visíveis com este sistema, concretamente a mais justa distribuição do serviço. Antes uns respondiam a 6 e 7 serviços por turno, outros respondiam a l e a 2, o que se está a verificar é que os que respondiam a 7 agora respondem só a 3, os que respondiam a 1 também respondem a 3.
Somos optimistas, temos que dar tempo ao tempo, e tudo vai correr em conformidade.

SUMÀRIO

  • Bom exemplo da PSP
  • Surpresa
  • O Nosso dia a dia
  • Finalmente sistema GPS

JORNAL MOTORISTÁXI Nº 15

JORNAL MOTORISTÁXI Nº 15

FORMAÇÃO PROFISSIONAL

No nosso último jornal, abordamos o tema da formação, com o único objectivo de transmitir a todos os responsáveis, as críticas que se fazem ouvir na praça publica.

Ao falar dos maus formadores, não queremos dizer com isso (como é lógico) de que não existem bons formadores. Mal de nós! Felizmente (e todos sabemos) de que existem pessoas muito bem qualificadas para exercer as funções de formadores. Mas…o problema não são os bons, o problema ( e grande ) está nos MAUS.

Em todas as profissões ou funções existem bons e maus profissionais, normalmente as críticas são sempre dirigidas a quem não tem capacidades para exercer este ou aquele cargo, temos de combater é o que está mal, porque o que está bem… está bem, só temos é que dar estimulo.

Antes de terminar e ainda sobre este assunto, queremos informar os nossos leitores de que somos portadores (temporários) de um CD onde se pode ver uma boa aula de formação, que em nosso entender deveria ser devidamente divulgada com objectivos pedagógicos.


AINDA O NOVO SEPARADOR


Depois da nossa experiência na montagem do separador (só para o motorista), contactamos o fabricante, com o objectivo de nos informar o porquê de não conseguirmos fixar convenientemente o material e por conseguinte fazer uma grande oscilação.

Em resposta, foi-nos dito de que seria necessário levar umas três “cunhas” para dar mais estabilidade. Esta resposta (em nossa opinião) caiu como um balde de água fria. E porquê? Porque é impensável de que num sistema de segurança com estas características, o referido vidro tenha de estar pendente de umas “cunhas”.

È frustrante saber que este separador tem algumas vantagens, mas que tecnicamente não está suficientemente estudado.

Temos conhecimento de que está a decorrer um estudo para um outro modelo, estamos disponíveis para dar o nosso modesto e humilde contributo.


ENTREGA AO DOMILÍLIO


Madrugada de domingo, 6 horas, postura do via rápida, aguardo pacientemente que apareça um cliente, de preferência que seja um serviço para os meus lados, ou para a parte de cima da cidade, mas não foi assim, foi tudo ao contrário do que eu desejava. Chego a primeiro da fila, vejo dirigir-se a mim um indivíduo com os passos algo esquisitos. Entra na viatura e:

- Olá! Bom dia.

- Bom dia.

- Quero que o Senhor me leve ao Padrão da Légua se faz o favor.

- E para que local do Padrão da Légua?

- Não se preocupe, quando lá chegarmos eu indico(disse ele com uma voz já bastante enrolada).

Bom, lá seguimos viagem, percorridos uns 500 metros vejo pelo espelho retrovisor de que a pessoa já está a dormir, tão bem que até ressona, não fiz caso e pensei… quando chegar acordo-o. Já no local decidi chamar por Ele.

- Ó amigo, já chegamos, acorde. ( repeti mais alto ).

- Acorde, já chegamos, (e nada).

Como não obtive resposta parei a viatura, saí, comecei a abaná-lo e a falar cada vez mais alto.

- Acorde, Acorde, já chegamos, ( e nada, estava como morto).

Comecei a ficar preocupado, dizendo cá para mim. O que é que vou fazer com esta prenda? Bom, vou levá-lo a uma esquadra da polícia, não o posso abandonar nestas circunstâncias, passaram-me várias coisas pela cabeça.

Então, naquele momento acontece ao que se pode chamar “um milagre”, o telemóvel dele começa a tocar, e tomei a liberdade de o ir buscar à algibeira e atendi.

- Estou, bom dia.

- Quem fala? ( ouço uma voz feminina)

- Daqui fala um motorista de táxi e transporto um senhor…(não me deixou acabar de falar)

- É o meu filho, esse bandido já está outra vez bêbado, não é? Faça-me o favor e traga-mo para casa o mais depressa possível.

- Mas, minha Senhora Ele adormeceu, não consigo acordá-lo. E não sei onde é a casa da Senhora.

- Não se preocupe, não desligue que eu vou tentar orientá-lo pelo telemóvel. ( lá me foi explicando o trajecto, até que finalmente cheguei a casa da senhora ).

Estava à porta de casa de robe vestido e bastante preocupada, dirigiu-se a mim, muito, muito obrigada, este rapaz é sempre a mesma coisa, não pode sair à noite que chega sempre neste estado, e deu-lhe umas bofetadas na cara. (quase que era preciso uma grua ).

Pagou-me o serviço, pediu mil e umas desculpas, e lá me vim embora, com a consciência de “missão cumprida”

BESSA RT 228


LIÇÃO DE HONESTIDADE


O nosso colega Augusto Teixeira RT 227 Inv. Chamou por mim para contar um pequeno episódio que se tinha passado com Ele, que apesar do grande exemplo de honestidade que deu, quando contado a vários colegas, das várias reacções obtidas até parecia que tinha cometido algum crime.

Todos temos direito à opinião, mas isso não quer dizer que tenhamos sempre razão.

«O Senhor Teixeira fez um serviço da ribeira para o cafeína, e quando o cliente vai para pagar verificou de que o mesmo era portador de muitas notas de 500 euros. Mas tudo bem! Pagaram a corrida e seguiu o seu destino.

Por volta da uma hora da noite, e depois de já ter realizado vários serviços, a central rádio táxis faz um apelo perguntando quem fez determinado serviço (o acima mencionado).

- Foi o 227 que fez esse serviço.

- O Senhor encontrou alguma bolsa na viatura?

- Não encontrei nada, mas vou dar uma vista de olhos.

Foi à parte de trás da viatura e não estava nada

- Já vi atrás mas não está nada, mas espere mais um segundo porque vou ver no banco da frente.

Foi ao banco da frente e não via nada, de repente e mesmo quase debaixo do banco vê uma bolsa, abre e vê “montes “ de dinheiro ( não sabe quanto) e vários cartões.

- Senhor operador, está aqui uma bolsa e que tem muito dinheiro.

- Então vai fazer o favor de ir ter com os clientes ao hotel Infante Sagres.

O Senhor Teixeira dirigiu-se para o hotel, os clientes já estavam á sua espera, fez questão de verificarem se faltava alguma coisa. Agradeceram muito e gratificaram-no com 150 euros. »

O nosso amigo Teixeira não tem nada que ficar triste, antes pelo contrário. Parabéns pela lição que nos deu.


EDITORIAL


Mais ou menos à um mês atrás, tive o prazer de conhecer e conversar com um responsável do nosso sector. È muito difícil senão mesmo impossível, abordar vários temas referentes à nossa actividade em poucos minutos, no entanto deu para entender de que estava perante uma pessoa com grandes capacidades de trabalho e liderança.

A dada altura da nossa conversa (que por estranho que pareça foi muito convergente) O Senhor dizia que “um dos nossos grandes problemas é a falta de Dirigentes com capacidades”. Estou completamente de acordo.

A maioria gosta muito de protagonismo sectorial (para não ir mais longe), pensam logo que sabem tudo, e recusam estudar para aprender, porque pensam (mal) que sabem tudo.

E depois o que acontece? Má gestão, más lideranças, péssimo protagonismo, poucas ou nenhumas capacidades, e muito principalmente falta de CRIATIVIDADE.

E…? È Só copiar…copiar…copiar… È só imitar…imitar…imitar. QUE PENA!


UMA DORMIDA


São três horas da manhã, encontro-me na postura da Praça Velasquez, Entra um individuo, vestido todo de preto, aparentando trinta anos de idade.

- Senhor motorista , leva-me à rua entre paredes ?

- Sim senhor!

Após andarmos alguns metros, começa por dizer que só vai buscar os seus documentos, porque na realidade o que queria era mesmo um local para poder dormir, mais concretamente uma pensão. Pois tinha tido uma pequena discussão com a mulher e não queria ir para casa, mas que precisava dos documentos para poder ficar hospedado.

O homem estava completamente nervoso, e dessa forma, iniciou um desabafo total sobre o seu problema, claro que a minha missão era dar-lhe o máximo de atenção, até para Ele ficar mais calmo.

E assim foi, depois de contar com todos os pormenores, o porquê da situação, previsivelmente ficou muito mais calmo, foi então que lhe transmiti que por uma noite seria possível arranjar uma pensão para descansar sem ser preciso documentos.

O Senhor sem saber como me agradecer, ainda conversou mais um pouco, pagou a corrida, e… problema da dormida resolvido.


SUMÁRIO

* Formação Profissional
* Ainda o novo separador
* Entrega ao domicilio
* Lição de Honestidade
* Editorial
* Uma Dormida




segunda-feira, 21 de setembro de 2009

JORNAL MOTORISTÁXI Nº 14

JORNAL MOTORISTÁXI Nº 14
Formação Profissional

È muito frequente os motoristas falarem da formação profissional, tanto para a renovação como para a aquisição inicial do CAP.
São vastas as críticas e opiniões sobre este tema, uns, porque (dizem) não vão aprender nada porque até já andam cá à muitos anos, outros, porque tudo não passa de uma brincadeira, e de que se trata (dizem) de mais uma forma de ganhar dinheiro.
Sou a favor da formação contínua, com uma programação de ensino devidamente adequada e actualizada e administrada por sectores independentes.
Aprender, Aprender sempre!
Mas na realidade, para onde se dirigem as maiores críticas, é sem dúvida alguma, para a má qualidade dos formadores. Não têm capacidade de ensino, na maioria dos casos demonstram uma grande falta de cultura geral, muita dificuldade em estabelecer diálogo, nomeadamente quando confrontados com questões pertinentes, até mesmo referentes ao sector.
A formação não pode ser só um acto formal, onde se paga uma (enorme) quantia e prontos está feito, antes pelo contrário, apesar de se tratar só de uma formação profissional, deverá ser bem administrada, responsa-velmente conduzida e seriamente avaliada. Por tudo isto, são necessários formadores com qualidade, com formação académica, podendo desta forma explicar (em bom português) todas as matérias em questão, sensibilizando e cativando todos os motoristas a aprender sempre mais.

Novo Separador

No dia 10.09.2009 estivemos na delegação da Antral, tentamos montar o novo separador numa viatura táxi, com o objectivo de durante alguns dias fazer uma experiência, e assim podermos tirar algumas conclusões.
Não foi possível concretizar, pois não conseguimos FIXAR o separador de forma correcta, evitando uma permanente e constante oscilação que iria perturbar o trabalho do condutor, para além da má imagem que eventualmente transmitiria.
Optimistas, estamos convencidos de que o problema não é do material em si, mas sim da nossa falta de experiência. Nesta fase inicial e experimental, talvez fosse necessária a presença de uma pessoa qualificada para uma conveniente demonstração de montagem e simultaneamente esclarecer quaisquer dúvidas a colocar.
Para além disso, acreditamos na mais valia deste separador, não só porque tem a vantagem de continuar com a lotação normal, mas também porque pode rodar o banco à medida do condutor, porque não fica totalmente isolado, (existe um pequeno espaço à frente) que deixa circular o ar dentro da viatura. Depois dos devidos ajustes o seu manuseamento é muito fácil. Seria um grande contributo para a segurança dos Motoristas, resolveria definitivamente 70% dos problemas com que nos deparamos diariamente.
Temos plena consciência de que tudo isto é "REMAR CONTRA A MARÉ", porque na realidade grande maioria não é sensível ao problema, argumentando as coisas mais incríveis que se possa imaginar.
SERÀ QUE É MELHOR NÂO TER NADA COMO SEGURANÇA? OU ENTÃO, QUE SEGURANÇA QUEREM OS MOTORISTAS? Vamos continuar a dar o nosso contributo para de alguma forma alertar para o grande problema da nossa insegurança.

À NOITE

Depois de uma longa noite de trabalho, e à conversa com o nosso colega José Quezada dizia ele:
-Ò Henrique! Nunca me tinha acontecido.
-Então o que foi?
-Estava na postura do Marquês, vem uma cliente que se dirige ao carro da frente, o motorista olha para a ciente e diz que não a leva. Muito zangada vem para a minha viatura, diz qual o destino que pretende e seguimos viagem. Após alguns minutos começa a disparatar dizendo que não era nenhum travesti que era muito mulher, e em plena viatura levanta a saia completamente, desce as calças e diz: pode ver que sou muito mulher e diga isso aos seus colegas!

GENTE FINA… È OUTRA COISA

São 5 horas da manhã, respondo a uma chamada para o calor da noite. Duas meninas brasileiras e um sujeito na casa dos 45 anos.
- Boa noite, rua Gonçalo Cristóvão em frente ao JN, e depois é para seguir para o Fleming.
- Sim senhor. (penso eu num bom serviço)
Chegamos a Gonçalo Cristóvão, uma sai e vai a casa, todos estão bem-dispostos, Ele diz que é de Viseu, e que tenho de lá ir porque está muito bonito.
Entretanto a que tinha ido a casa volta, entra no carro e diz-lhe:
- Amor tens de pagar antes (mas a falar quase em código)
- Querem que eu saia para falarem melhor?
- Está bem senhor motorista, muito obrigada.
Ficam os três a falar, e de repente ele abre a porta todo encrespado e manda-a sair da viatura insultando-a, ela por sua vez retribui os insultos. Bom, o indivíduo perde as estribeiras, pega pelos colarinhos do casaco, e bate com ela três ou quatro vezes contra a parede, abriu-lhe a cabeça, eu só via sangue. O sujeito queria que eu o levasse ao hotel e as deixasse ficar, eu disse que não, pois tinha de chamar a polícia, uma delas diz que não porque está ilegal.
Tinha de tomar uma decisão, e pedi à central para ligar à polícia. Enquanto os mesmos não vinham tive de separar o homem para não magoar ainda mais as meninas.
Veio o carro patrulha mais o INEM e mais polícia, identificaram os presentes (já só estava uma menina) tomaram nota de toda a ocorrência e dizem ao cliente para me pagar a corrida. Ele com o nariz quase encostado ao polícia, diz que não paga porque está do lado delas. E sabe para quem está a falar? Para o homem mais rico de Viseu, gastei com elas mais de dois mil euros.
O Agente vira-se para mim e informa de que tenho seis meses para apresentar queixa contra o cliente e… pode ir embora.
Moral da história, à noite todos são vistos pelo lado negativo, mas felizmente que assim não é, existe muito boa gente a trabalhar no turno da noite, mas que por questões profissionais têm de transportar o que mais degradante temos na nossa sociedade, inclusive os mais ricos…
Moreira RT 314

SUMÀRIO
· Formação Profissional
· Novo Separador
· À Noite
· Gente fina…è outra coisa
· Uma Dormida
· Bonjóia

Convívio de motoristas da postura de Campanhã

Realizou-se no passado dia 19 de Setembro mais um passeio que teve como destino o Santuário de Nossa Senhora de Lapa, em Sernancelhe. Desta feita, com organização dos nossos colegas Durães e Manuel. Teve partida da Rua da Estação, junto á postura de Campanhã, rumando em direcção á Régua, com paragem no Alto de Quintela para o pequeno-almoço, seguindo depois a Lamego, Tarouca, Moimenta da Beira e Sernancelhe. O Núcleo do Jornal Motoristáxi, felicita esta organização pela possibilidade de mais um convívio salutar entre todos os colegas que nele participaram.

BONJÓIA

Encontrei no meu velho Porto
Uma fatia do céu, quase escondida.
Entre vielas e por pedras protegida
Tem velhos muros caídos.
Recantos reconstruídos.
Musgos abrigados por japoneiras
E rolas bravas num céu sem fronteiras
Uma casa filha da realeza
De frontaria sóbria e rara beleza.
Um lago solitário e circular
Onde os pardais s’embebedam
E as pombas vão mergulhar.
Um jardim feito a compasso
E um doloroso abraço
Entre o velho casario
E a loucura do rodopio
Que magoa e estilhaça
A cidade por onde passa.
Entre velhos choupos e
Uma figueira amuada,
Há um tanque viúvo d’água
E uma eira "aburguesada"
Este espaço tem sol e seiva renovada.
Bonjóia é uma golfada de vida
È uma glícinia florida
Que nos baralha os sentidos,
Que perfuma e acalma a dor,
È berço de sonhos não vividos
Onde a raiva adormece e acorda o amor.

terça-feira, 18 de agosto de 2009

JORNAL MOTORISTÁXI Nº 13

JORNAL MOTORISTÁXI Nº 13

SEGURANÇA

Não podemos ficar indiferentes às notícias publicadas no JN dos dias 25 e 26 de Julho 2009 em que dizia "Táxis do Porto com vidros separadores".
Nas comemorações do IX dia do táxi, foi apresentado pela ANTRAL um novo tipo de vidro separador, que apenas isola o condutor, não criando restrições na lotação do táxi. A mesma Associação defendeu que o Governo deve subsidiar todas as formas de garantir a integridade física dos motoristas.
Entretanto foi dito pelo Senhor Ministro de que o Senhor Governador Civil do Porto vai coordenar um projecto-piloto para apoiar a instalação do novo tipo de separador.
Naturalmente congratulámo-nos com esta imensa proposta, dar os parabéns por tal iniciativa e finalmente podermos verificar interesse e sensibilidade que realmente este problema merece.

19º Convívio dos Profissionais de Táxi
Realizou-se no passado dia 25 de Julho o já habitual "Convívio dos Profissionais de Táxi", que este ano comemorou o seu 19º aniversário. Este passeio é organizado pelo colega Rodrigues (RT226), e este ano aconteceu em Sernancelhe, mais concretamente na Nª Sr.ª da Lapa. O evento decorreu dentro da normalidade, com muita festa, boa comida, e boa disposição. O núcleo do Jornal Motoristáxi felicita o Sr. Rodrigues pela excelente organização, e faz votos que este evento se realize por muitos mais anos.

IX DIA DO TÁXI
O Dia do Táxi é sem duvida a maior iniciativa do sector a nível nacional organizada pela ANTRAL. Este ano teve lugar em Vila Nova de Gaia nos dias 25 e d6 de Julho, com a presença do Ministro da Administração Interna, cujo tema em destaque foi a SEGURANÇA com a apresentação de um vidro separador que apenas isola o motorista.
O programa foi preenchido com um amplo debate sobre os problemas do sector, uma secção solene com o Senhor Ministro, um jantar com os 210 Delegados e um almoço para 3500 motoristas e seus familiares. O jornal Motoristáxi felicita o evento.


TORNEIO FUTSAL
Parabéns à A.D.S.M.T.P. pelo seu 3º torneio de futsal 2009, só para Motoristas de táxi que se realizou de 30 de Maio a 18 de Julho com a participação de oito equipes: Gaicar, Táxicoop de V.N.Gaia, Dragões do Volante, Os Gaviões, Nem te Passa, Areosa City, Raditáxi do Porto, Os Levezinhos, da cidade do Porto.
O meu agradecimento à Direcção da A.D.S.M.T.P. pelo esforço e dedicação ao evento. Ao Carlos (54 RT) que foi o responsável pela logística. Aos Árbitros pelo seu desempenho, que tentaram incutir ordem e disciplina no torneio. E convém lembrar que todas estas pessoas disponibilizaram o seu tempo nos sábados em que decorreu o torneio (aproximadamente 6 horas) de borla e por carolice.
È de lamentar alguns casos isolados de conflito entre alguns colegas e a equipe de arbitragem. No entanto foi gratificante ver todos os participantes empenhados, mostrando cada um a sua raça e querer (sim, nós somos homens do Norte) e as suas qualidades futebolísticas e boa forma física (…de alguns).
A final foi disputada entre os Gaviões e os Levezinhos com o resultado de 5-5 sendo necessário recorrer a penaltis nos quais os Gaviões venceram 3-1. Reconheço que os Gaviões mereceram o 1º lugar pela regularidade que tiveram no torneio, apesar de terem a sorte do lado deles no jogo da final, ainda assim os meus parabéns aos Campeões e ao seu treinador Reis (113 Inv).
Classificação final: 1º Os Gaviões, 2º Os Levezinhos, 3º Areosa City, 4º Dragões do Volante. Taça de Disciplina: Os Gaviões. Taça do Melhor Marcador: Dionísio Monteiro – Areosa City. Taça da Melhor Defesa: Os Gaviões.
Um abraço a todos.
MOREIRA 314 RT

"OS CORUJAS"
SEDE: Postura da corujeira, SÒCIOS: dez, QUOTAS: 1€ para o euromilhões, 1€ para almoço semestral, 1€ para passeio anual. ORGÃOS SOCIAIS: um presidente eleito semestralmente que recebe as quotas e faz o boletim do euromilhões. OBJECTIVO: Convívio na mesa de um bom restaurante. NASCIMENTO: de uma boa relação entre vários colegas que frequentam 90% a postura da corujeira. DATA: oficializada em 2006.
"OS Corujas" têm mantido a sua principal actividade de dois almoços ou jantares anuais (um no natal e outro no verão). Este ultimo de verão (mês passado) foi diferente, para alem do almoço incluímos um passeio todo o dia que deu para descontrair.
Fomos de barco Rio Douro acima com almoço no mesmo. Foi do agrado de todos "os corujas", desfrutamos de uma paisagem lindíssima, que mais nos motivou a saborear este magnifico convívio. Quase obrigatório não falar de serviços, nem do mau feitio de alguns colegas, resumindo o dia todo sem o nosso inimigo numero um o "STRESS".
O regresso ao Porto foi feito de comboio, depois de uma visita ao museu do vinho do Porto na Régua. Até o atraso do comboio quase de uma hora serviu para descontrair com o jogo de piadas muito frequente no nosso meio. Espectacular.
No jantar natalício é que vamos decidir o próximo verão.
Rui Teixeira

PRIMEIRO SERVIÇO
Horas, 17.30…Carro ao cerco a sair de S. Roque, a não sair, a sair da corujeira. È o 79, nº 79 siga ao cerco bloco 31 (entendido). Cheguei ao respectivo bloco e passados 7/8 minutos não aparecia ninguém, algum tempo depois vem uma senhora de etnia cigana com uma criança pequena que trás consigo uns paus de uma velha cadeira, com delicadeza pedi à senhora para o miúdo não transportar aquilo no táxi, então Ela disse para deitar fora. Entraram na viatura sem dizer boa tarde ou coisa parecida, pediu para passar pela sede do cerco para ir buscar uma outra pessoa e depois seguir para a "RÉTA", perguntei onde era a "réta", respondeu que ficava junto ao café S. Domingos, chegamos ao local e ao lado do café foram a uma barbearia cortar o cabelo ao miúdo. Depois de esperar o tempo necessário para o corte de cabelo, voltam para o táxi e dizem que querem ir para a "LUPA", perguntei onde era isso! È na Areosa Senhor, não sabe?... Ao chegar à Areosa…vire aí nessa rua ( que é a rua Heróis de Pátria), pediu para parar junto a uma loja de fotografias, que se chamava LUPI. Aguardei uns 15 minutos, talvez o tempo de revelarem algumas fotos, já no táxi, tive de voltar a perguntar qual o próximo destino, responderam que era para o "SÁBEDRA", eu disse que não conhecia ou então que me disse-se o nome da rua. -Aí vizinho o senhóri não sabe nada se fosse com outro cliente já lhe estava a apertar o pescoço. Não fiz caso e Ela lá me explicou onde era (circunvalação/Areosa), saíram e foram ao estabelecimento. Voltaram após mais uns minutos, perguntei novamente qual a próxima paragem ao qual me respondeu; rua Dr. Cancelas. Apesar de ser uma rua de Rio Tinto sabia perfeitamente qual era, aproveitei e disse; está a ver minha Senhora se disser o nome das ruas não tenho dificuldade, porque não é da minha competência saber o nome dos estabelecimentos. Entretanto lá chegamos à rua Dr. Cancelas (pelo caminho não se calaram, que por ali era mais perto e não tinha tanto trânsito, ora mais devagar ora mais depressa etc.).
São 20.50 €. Aí vizinho tanto dinheiro. Justifiquei o tempo de espera e tudo bem, pagaram e lá me vim embora.
Como é do meu hábito, ao fim de cada serviço verifico se ficou algum objecto esquecido, e verifiquei que de facto havia…milhares de migalhas de bolachas, garrafas de água vazias e mais algum lixo.
Bessa (79 Inv)

SUMÁRIO

- SEGURANÇA
- 19º CONVÍVIO DOS PROFISSIONAIS DE TÁXI
- IX DIA DO TÁXI
- TORNEIO FUTSAL
- "OS CORUJAS"
- PRIMEIRO SERVIÇO

terça-feira, 21 de julho de 2009

JORNAL MOTORISTÁXI Nº 12 - EDIÇÃO ESPECIAL ANIVERSÁRIO


1º ANIVERSÁRIO

A brincar, a brincar podem fazer-se coisas muito sérias. Foi essa a intenção deste jornal, que em Julho de 2008 iniciou a sua actividade.
Os objectivos continuam a ser os mesmos: Primeiro, falar e divulgar sobre os vários comportamentos dos nossos clientes, que todos sabemos não ser tarefa fácil. Segundo, continuamos com a ideia de que existe espaço suficiente para fomentar a discussão na praça pública sobre os vastos problemas com que se vai deparando a nossa profissão. Terceiro, queremos contribuir para uma maior dignificação da nossa classe.
Naturalmente não podemos agradar a todos, o que é uma situação perfeitamente normal. No nosso sector também existem vários "GRUPINHOS" que inconscientemente, por vezes conscientemente, só têm como principal alvo dividir para governar.
Nós queremos continuar a ser; coerentes, humildes e simples. Não temos qualquer pretensão de enveredar pelas situações técnicas e jurídicas, isso faz parte das obrigações e deveres das respectivas associações do nosso sector.
O nosso "Jornalzinho" está mais virado para o entretenimento e para a divulgação de pequenas notícias que mais ninguém quer dar a conhecer. Queremos ser diferentes, só assim se justifica.

UMA URGÊNCIA

O Agostinho Almeida (ex 5 da RT e actual 96 da Invicta) conhecido pelas suas características positivas em responder à central, esteve à conversa comigo na postura da Ramada Alta. Começou por dizer que não tinha nada de especial para contar como motorista, no entanto e à medida que fomos dialogando, repentinamente e sem dar por isso, está a descrever um episódio passado à vários anos e fá-lo de maneira tão emocional e sensível, que não resisti em transmitir aos nossos leitores toda essa simplicidade.
" Uma chamada para a travessa de S. Diniz. Tratava-se de uma Senhora grávida, muito aflita e que pediu para a transportar de urgência ao hospital de S. João. À frente sentou-se um Senhor que era seu pai, também muito nervoso, muito educado e que repetiu o destino do serviço. O Agostinho, liga os quatro piscas, concentra-se na sua tarefa, buzina a funcionar e aí vai Ele.
Quando tudo parecia estar a decorrer normalmente, apesar dos constantes gritos de dor da Senhora, eis que o trânsito estava completamente parado na rua de Monsanto mesmo a chegar à praça 9 de Abril. O motorista já nervoso, continua a buzinar, o pai já estava a ficar completamente "fora de si" e a Senhora sempre com os gritos de dor. Como sair daquela embrulhada?
O Agostinho consegue fugir para a faixa da esquerda, o trânsito estava completamente parado, os automobilistas fazem os possíveis e impossíveis para possibilitar a passagem do táxi. A única alternativa foi subir o passeio, avançar para o meio do jardim de arca d’água e depois de percorrer todo o jardim (sob o olhar atónito da polícia a até de transeuntes) finalmente chegou à rua Leonardo Coimbra (ainda com dois sentidos) e rapidamente ao referido hospital.
O táxi ainda não tinha parado já o nosso amigo estava a dizer ao pai da Senhora:
"- Ó homem vá depressa buscar uma maca para a sua filha!" Só depois recebeu a corrida.
Fantástico foi de facto a forma como o Agostinho contou este episódio: - E se a Senhora tinha o bebé na viatura? - Como podia eu ajudar se não sabia como? - Enfim… correu tudo bem.

FORMAÇÃO AO GPS

Em Janeiro de 2009 no nosso jornal nº7, escrevemos sobre a instalação do sistema GPS na Rádio Táxis Invicta, ao qual sempre demos o nosso particular apoio e continuamos a dar com muito entusiasmo. O último parágrafo dizia " Naturalmente, e dizemos nós, tudo se irá processar inicialmente, com prazos de experiência e adaptação. Não se espera tarefa fácil para os responsáveis, assim como também para os utilizadores, é necessário um tempo real para uma boa aprendizagem, e principalmente a compreensão de todos".
Na maioria das viaturas já se pode ver os respectivos monitores, uns com mais, outros com menos capacidades. Perante esta primeira situação, verificamos um enorme grau de dificuldade, por parte de Motoristas, em manusear o referido aparelho.
Em nossa modesta opinião, faz todo o sentido (como sempre fez) efectuar previamente uma FORMAÇÃO ESPECÍFICA muito principalmente para quem tem mais dificuldades. Embora um pouco trabalhoso (e sem trabalho nada se faz), não é nada difícil fazer no mínimo um rastreio dos casos mais difíceis e individualizar essa formação.
Infelizmente ainda há quem pense de que não precisa de formação para nada porque já sabe tudo, sendo isso sinónimo da própria ignorância, pois estamos sempre a aprender. Os responsáveis, em princípio pessoas mais esclarecidas, têm o dever e a obrigação de perceber a situação e criar condições para resolver atempadamente todos os obstáculos.
A FORMAÇÃO É TÃO IMPORTANTE COMO INDISPENSÁVEL.

Parabéns Motoristáxi!

Nesta Edição Especial Aniversário do nosso jornal decidi fazer um balanço do primeiro aniversário deste projecto. Após doze edições, noto que as reacções foram diversas. Obtivemos reacções bastante positivas, menos positivas e até inqualificáveis.
Para todos aqueles que reagiram positivamente, lendo e participando no nosso Jornal, para os que consideram que o Jornal Motoristáxi podia melhorar, que apresentaram as suas críticas construtivas e as suas sugestões, contribuindo para o engrandecimento do Jornal Motoristáxi, o nosso muito obrigado.
Para aqueles que reagiram de um modo ignóbil, desprezando e rejeitando sem motivo aparente este projecto e criticaram destrutivamente o trabalho do núcleo Motoristáxi, aqui fica uma única advertência: O JORNAL MOTORISTÁXI NÃO É LEITURA OBRIGATÓRIA.
Gostaria também de agradecer á direcção do Externato Académico, que nos continua a agraciar com o seu apoio, contribuindo grandemente para o sucesso do nosso projecto.
Como não poderia deixar de ser, tenho ainda de agradecer ao Sr. Henrique Teixeira, autor desta ideia e responsável por todo o trabalho necessário para a publicação mensal do Motoristáxi. Sem o seu trabalho e dedicação, tudo isto seria impossível.
Durante estas doze edições, foram abordados diversos temas, elaborados suplementos sobre o Táxi, dos quais gostaria de destacar "A Última Viagem de Táxi", que obteve diversas reacções todas elas muitíssimo positivas. Espreitamos os principais monumentos da cidade do Porto e vagueamos pela poesia. Visitamos o futuro através da Astrologia, um pouco "invulgar", cortesia do Professor MAYO!
O que desejo para as próximas doze edições, é que haja mais envolvimento por parte dos colegas que ainda não participam no nosso "grupo de amigos", a que se chamou Jornal Motoristáxi!
César Soares RT190

DIFÍCIL SERVIÇO

O Fernando Vieira estava na postura do Carvalhido, parou um veículo com três pessoas, só uma entrou no táxi. Tratava-se de uma senhora, em razoável estado de embriaguez, que se fazia transportar com duas grandes malas.
- Quero ir para perto da cadeia de Custóias!
Entretanto e já em viagem recebe uma chamada telefónica, (suposto namorado), que lhe estava a dar indicações sobre o local de destino. Eis que chegaram ao referido local e ela pergunta:
- Para onde me levas?
- Para onde me mandaste! Aliás já estamos no local.
- Agora mandas em mim?
- Não mando, simplesmente estou a trabalhar.
- Leva-me para um ponto de táxis. Depressa!
- Olha, está aqui um, mas não tem carros.
Deslocou-se até ao padrão, mas também não havia táxis.
- Então leva-me para o Marquês
- Tudo bem, vamos embora.
No campismo e ao verificar que estavam dois colegas, de imediato parou a viatura, recebeu a corrida e tirou as malas. O Fernando já estava saturado de a ouvir falar, a senhora não havia meio de se calar. Mas o problemático episódio iria continuar, uma vez que ambos os colegas recusaram efectuar o serviço.
A alternativa foi carregar novamente as malas e seguir novamente com a cliente. Ela telefona para a amiga que a tinha levado à postura, e assim seguiram para a rua do lugarinho.
Falaram, discutiram, zangaram-se e lá veio outra vez para o táxi.
- Leva-me daqui para fora!
- Para o Marquês?
- Não! Para Custóias.
- Então andamos a brincar? Decide de uma vez por todas para onde queres ir.
- Leva-me para Custóias, quem manda sou eu!
Seguiram para Custóias, já no local recusa-se novamente a lá ficar. (e quando se trata de pessoas embriagadas não é nada fácil)
- Olha leva-me a Braga, eu tenho dinheiro e até te pago adiantado!
- Que remédio, se tiver que te levar, eu levo-te!
Mas tudo parece complicar-se com novo diálogo próprio de quem não sabe muito bem o que quer. Foi quando o Fernando lhe disse:
- Se não sabes o que queres vou levar-te à GNR.
- Então acabou e deixa-me aqui!

Completamente exausto, o Fernando acedeu à sua vontade e deixou-a ali mesmo, no meio da estrada com as inesquecíveis grandes malas. Pouco tempo depois voltou local, mas já não estava lá ninguém.
Mas que serviço!

GRIPE A
Uma notícia publicada no Jornal de Notícias, onde dizia que as “empresas de transportes, atentas à pandemia, têm planos de contingência”. Referenciava O Metro de Lisboa, o Metro do Porto, Comboios de Portugal, Transdev, Carris, STCP, TAP e Transtejo, até aqui tudo bem.
E então o Sector dos Táxis? Está imune? Que plano para os milhares de motoristas que transportam e que plano para os milhares de clientes que são transportados em todo o País?
Não sou nada pessimista, e por isso, quero acreditar de que os nossos responsáveis estão atentos a esta situação, e que por lapso não fomos informados.

AGRADECIMENTO

Também queremos agradecer de uma forma muito especial, a todos quanto têm contribuído, para que seja possível este jornal chegar a um maior número possível de leitores.
Estou a referir-me concretamente a quem distribui.
Parece mas não é tarefa fácil! É necessário ter iniciativa própria, espírito de entreajuda, e sensibilidade para com os problemas que afectam o nosso sector. Obrigado.

SEGURANÇA
ASSALTOS
FALTAS DE PAGAMENTOS

Durante este primeiro ano abordamos este tema sete vezes, e porquê? Porque de facto é nossa convicção de que se trata de uma realidade muito séria, de um assunto que merece ser a prioridade das prioridades.
Temos consciência das dificuldades na resolução deste problema, no entanto, e uma vez que falamos da defesa e integridade física de todos os motoristas, vamos continuar a escrever sobre a nossa insegurança, dando a nossa opinião, e avançando com propostas que consideramos construtivas.

HISTÓRIAS COM UTENTES

Um dos grandes objectivos do nosso Jornal, é transmitir episódios reais que de uma forma ou de outra, todos somos protagonistas.
Foram trinta e cinco, as histórias que escrevemos durante estes doze jornais. Existe de tudo, desde as mais caricatas até às normalíssimas, mas que demonstram a nossa realidade.
Queremos a vossa colaboração, queremos contar as vossas histórias, estamos completamente disponíveis para o trabalho.

EFICAZ APARATO DA PSP

Vinte e seis de Fevereiro de 2004, por volta das vinte e uma horas, na Rua Fernandes Tomás com a Rua de Santa Catarina, entrou-me no táxi um indivíduo de raça negra, sentou-se à frente, trazia consigo duas sacas plásticas, pediu para o transportar à estação de São Bento e que "depois falava comigo".
Tratava-se de uma pessoa alta e forte, quando me diz, "depois falava comigo," já estava a pensar no que haveria de dizer, porque realmente não iria para outro lugar com aquele passageiro, uma vez que aparentemente não me oferecia confiança.
Entretanto, lá segui rumo à estação de São Bento, desci Fernandes Tomás, virei por Sá da Bandeira, Dom João I em direcção à avenida dos Aliados. Nos semáforos da Avenida (ao lado do Rivoli) tenho de parar porque está vermelho, e enquanto estamos parados passam dois carros patrulha subindo a Avenida em grande velocidade, ao ponto de eu fazer um comentário em voz alta, não obtendo qualquer reacção.
O semáforo passa para verde, arranco, e quando estou a chegar ao outro lado da Avenida (mesmo em frente ao café guarani) para meu espanto vejo uns tantos agentes policiais a mandar parar o táxi e verifico que o trânsito está cortado do lado direito por um carro patrulha. Quando paro o veículo, apercebo-me de uma quantidade de polícias de armas apontadas, fiquei sem pinta de sangue, em breves segundos pensei: Que tipo de cliente é que eu transporto? Qual vai ser a sua reacção? Muito determinados, dois agentes dirigem-se para o lado do cliente, surpreendentemente a porta abre com muita força, era um terceiro agente que não tinha visto, simultaneamente os outros dois de armas apontadas ao indivíduo, e em voz muito alta mandam-no sair de mãos no ar. Ele sai calmamente, de imediato os agentes revistam-no e algemam-no, ao mesmo tempo que um agente a meu lado diz para eu ter calma, que já está tudo resolvido.
Mais parecia um filme policial, mas não era.
Já o tinham levado, quando perguntei ao agente o que se tinha passado, "um assalto à mão armada", o meu pensamento foi logo para o tipo de pessoa que transportava, tive sorte.
Fui para a então postura da Praça da Liberdade, comentei com os colegas o episódio. E já muito mais calmo fui fazer um serviço a Campanhã. È quando a rádio táxi chama, para me dirigir à esquadra do Infante.
Fui para o local, queriam verificar se eventualmente o assaltante tinha deixado na viatura alguma arma, uma vez que não a tinham encontrado. Pessoalmente estava convicto de que não tinha atirado qualquer objecto, caso contrário teria dado por algum gesto.
Mas ainda não tinha terminado, por volta das vinte e quatro horas, fui notificado via telefone para comparecer nas instalações da polícia judiciária, onde estive a prestar declarações.
Alguns meses depois, fui convocado pelo tribunal como testemunha, o julgamento realizou-se e foi condenado.

NÃO TÊM PARA ONDE IR

Já lá vão talvez uns quinze anos.
Vou a circular livre na rua de Cedofeita, uma senhora faz-me paragem, parei, a porta de trás abriu e entram quatro crianças mais a mãe.
As idades aparentavam ser muito seguidas. A senhora diz-me que não tem para onde ir com os filhos, e pede para a levar a um local onde possam ficar pelo menos a noite.
Não calculam como fiquei, não sabia muito bem por onde começar, mas uma coisa era certa, não podia abandonar aquela dramática situação.
Como estava perto, comecei por um albergue que havia ali perto na rua da Vitória, lá fui falar com uma senhora, que acabava de me informar não ter lugares disponíveis, mas deu-me algumas indicações para onde me dirigir.
Fui a mais um local, mais outro, mais outro e nada, entretanto já faz umas três horas que ando com os clientes.
As crianças estão irrequietas, choram e precisam de comer qualquer coisa, fui arranjar umas bolachas, pão e leite, e dei-lhes, foi assim que sossegaram um pouco.
Sem conseguir resolver o problema, fui a uma esquadra da polícia e expus a situação. Depois de várias chamadas telefónicas, foi-me comunicado de que finalmente tinham encontrado um local para as crianças e a mãe ficarem.
Claro que não recebi a corrida, mas podem crer, no final estava muito feliz por dever cumprido.
Sumário
  • 1º Aniversário
  • Uma Urgência
  • Formação ao GPS
  • Parabéns Motoristáxi
  • Dificil Serviço
  • Gripe A
  • Agradecimento
  • Segurança, assaltos e faltas de pagamento
  • Histórias com utentes
  • Eficaz aparato da PSP
  • Não têm para onde ir

quarta-feira, 24 de junho de 2009

JORNAL MOTORISTÁXI Nº 11

JORNAL MOTORISTÁXI Nº 11


SEGURANÇA
O tema “segurança” deve de estar sempre presente no nosso quotidiano, fazendo parte de uma das principais preocupações profissionais.
E porquê? Porque os assaltos continuam, as faltas de pagamentos já são uma prática comum, e não se vê ninguém, no mínimo, a tomar posições de repúdio sobre este tipo de acções.
Infelizmente, e só quando se verifica um assalto com grave percussão (por exemplo a morte de um colega), de imediato “ todos querem mais segurança “, e também de imediato, todos os responsáveis querem ser intervenientes teóricos e candidatos ao protagonismo mediático na comunicação social.
A nossa segurança não se faz só com a montagem deste ou daquele sistema, também é indispensável a PREVENÇÃO, seria de uma boa e fácil responsabilidade, promover ao longo do ano, iniciativas de carácter pedagógico, sempre com o objectivo de alerta e formação contínua.
A Todos os responsáveis do nosso sector, que para além dos habituais almoços, jantares e outras actividades que entre si vão organizando, e que naturalmente são necessários, sejam também sensíveis ao problema da nossa segurança.
Estou completamente de acordo quando se diz, de que para tudo isto, é preciso; poder de iniciativa, poder de criatividade, poder organizativo, poder de gestão, conhecimentos e espírito cooperativista e associativista, e o mínimo de intelecto para conseguir levar a bom termo as várias tarefas que se lhes deparam. APRENDER, APRENDER SEMPRE! PELA VIDA DOS NOSSOS PROFISSONAIS.

F.P.T.
A Federação Portuguesa do Táxi, realizou no dia 30 de Maio de 2009 , na Junta de Freguesia de Santo Ildefonso, uma secção de esclarecimento destinada a todos os profissionais do sector.
O objectivo desta iniciativa foi divulgar as conclusões dos grupos de trabalho, então criados, em conformidade com o despacho nº22775/2008.
Os temas abordados foram; regime jurídico aplicável ao transporte de crianças, questões referentes à possibilidade de isenção de registo em livrete individual de controlo e por último questões referentes à alteração do regime da Formação Profissional / Certificado Profissional.
Registou uma boa participação.

A VALONGO
O nosso colega e amigo Gaspar (aquele que pára muito no bom sucessso), conta, que há já vários anos viveu um episódio, que apesar de não ser inédito, lhe ficou na memória talvez pelo estado psicológico em que o seu cliente se encontrava.
Estava na antiga postura da Avenida dos Aliados, situada no lado direito depois do café Guarani, entra um indivíduo muito de repente com muita pressa e diz:
- Por favor siga aquele táxi, não se preocupe que nada vai acontecer, mas por favor não o perca de vista.
- Muito bem vamos fazer os possíveis e sem fazer asneiras.
O referido veículo seguiu avenida acima, rua Faria Guimarães, Rua da Constituição, zona da Boavista e por aí fora. O cliente estava muito nervoso, pouco falava e não fazia ideia nenhuma para onde se dirigia. Depois de muitas voltas pela cidade, começamos a verificar uma outra direcção completamente diferente, mais concretamente para norte, e entretanto já estamos na estrada de Valongo.
Finalmente o outro táxi parou, estávamos no FLOR DA SERRA, uma boite situada na serra de Valongo, num lugar muito ermo. O cliente sai, manda esperar um minuto, e vai ter com a Senhora que estava na outra viatura, alta discussão, sapatada para trás sapatada para a frente, os dois Motoristas impávidos e serenos nos seus postos de trabalho, até que o indivíduo se dirige novamente para o táxi e pede o favor de voltar para o Porto.
De regresso, o homem que naturalmente continuava muito nervoso, começou a contar que estava em Espanha a trabalhar, para assim poder dar melhores condições à sua família, e que entretanto soube que a mulher estava a trabalhar num bar de alterne, ao principio não acreditava, mas resolveu vir a Portugal sem nada dizer, para poder ver com os seus próprios olhos. E infelizmente era verdade.


SÃO JOÃO









S. João…cravos aos molhos Na noite de S. João Se a saudade fosse pão
Manjericos pela rua Fui contigo enlouquecida Igual ao que a gente come
E no sonho dos teus olhos Na fogueira dos teus braços Na noite de S. João
Balões grandes como a lua! Abri os braços à vida ! Ninguém morria de fome!

1960 – Mira(Vila Real) 1962 - Rosa sem cravo 1965 - Saudosista (porto)


A razão não se procura Sou velhinho, S. João
Na noite de S. João Mas não nego que me afoite
- Nesta noite de loucura A ir de ramo e balão
Ter loucura é ter razão… Nos braços da tua noite

1973 . sempre (Porto) 1970 Miragaia (Porto)


Povo! Na tua fé louca Se a mensagem duma trova Na noite dos manjericos
Cantavas p’ra mão chorar! Vai inspirar quem a escuta, Vão no balão mais uns cobres
- Hoje, sem cravos na boca, S. João ! Isso é uma prova Brincamos vida de ricos
Choras de poder cantar Que a cantar também se luta Vivemos vida de pobres

1074 – Topázio 1975 - Ave Alegre 1977 – Zé do Norte


Tirado do Coleccionável “S. João do Porto” do Jornal de Notícias


Primeiro Táxi adaptado para transporte de deficientes motores do Porto










Felicitamos António Guimarães, pelo grande poder de iniciativa e de organização. Mais palavras para quê?

EM DIRECÇÃO A LISBOA

O Rui Teixeira, motorista à mais de 30 anos, conta-nos uma das vastas histórias que ao longo do tempo se lhe foi deparando.
“ Já vai à mais de vinte anos, estava na postura de Campanhã na expectativa de uma boa corrida, as viaturas que estão à sua frente vão saindo, até que fica em primeiro, mas sem que se vislumbre mais algum cliente.
No entanto, e após decorridos alguns minutos, uma Senhora já com alguma idade, entra na viatura.
- Faz o favor minha Senhora!
- Cheguei agora de Barcelos! E quero que me leve a casa de minha filha.
- Desculpe! E onde mora a sua filha?
- Sei lá, não faço ideia nenhuma, mas deve conhecê-la, é médica e chama-se Armanda. Olhe, quando estou lá em casa ela diz sempre “aqueles carros que passam ali vão em direcção a Lisboa”
- Sim, mas só isso não é o suficiente para eu saber onde mora a sua filha.
O Rui sai da viatura, conversa com um ou dois colegas e um deles dá a ideia do prédio da SIC. Chegados ao local;
- È aqui minha Senhora?
- Não, não conheço nada disto, não é aqui!
A Senhora sabia dizer o nome completo da filha, então com muita calma e paciência, e principalmente com um grande sentido de responsabilidade e sensibilidade, o referido motorista partiu à procura de uma cabina telefónica (ainda não havia telemóveis) para tentar na lista telefónica a respectiva morada.
Foi à primeira, foi à segunda e não tinham listas, voltou à rotunda da Boavista e numa das cabinas encontrou uma, procurou o nome e lá estava, nem mais nem menos o prédio da SIC, tomou nota do andar e quando chegou tocou na respectiva campainha. Atendeu uma voz feminina.
- Quem é?
- Sou motorista de táxi e transporto uma senhora que diz ser sua Mãe.
- Ai valha-me Deus, eu desço já, por favor aguarde um minuto.
Quando chegou, e depois de contar o que se estava a passar, acabou por dizer que a Mãe não lhe tinha dito nada que vinha ao Porto. Agradeceu muito ao Rui todo o trabalho e cuidado que teve com a situação. Pagou a corrida com gratificação. A senhora não tinha dinheiro.”
Um bom exemplo de profissionalismo.

VIAGEM ÀS BOMBAS
Após ter respondido a uma chamada e chegado ao local, vem um cliente já com alguma idade, com muitas dificuldades em se movimentar, aparentando ter bebido uns copitos.
Tudo isto por volta das três e trinta horas da manhã. Depois de o ter ajudado a entrar na viatura, e quando já estava instalado, diz que quer ir a umas bombas de gasolina para comprar tabaco.
Lá fomos às bombas mais próximas, pediu cigarros e um café, tudo isto nas maiores calmas do mundo até pela sua dificuldade em se movimentar, aguardei com toda a tranquilidade.
Passados longos minutos, veio para o táxi, ajudei-o a entrar e regressamos a sua casa. Já no local informei de quanto era a corrida, o senhor dá-me uma nota de dez euros, quando estou para guardar a nota, sinto que está mais uma nota e verifico.
Saí para o ajudar, deixo-o à porta de casa e entrego-lhe a nota de dez euros que estava a mais.
- Não me leva nada é ?
- O senhor deu-me uma nota a mais.
- Pronto está bem, não me quer levar nada e está a dizer que foi a mais…!

Sumário

# SEGURANÇA
# FEDERAÇÃO
# A VALONGO
# MONUMENTOS DO PORTO
# S. JOÃO DO PORTO
# TRANSPORTE DEFICIENTES
# EM DIRECÇÃO A LISBOA
# VIAGEM ÀS BOMBAS

segunda-feira, 15 de junho de 2009

JORNAL MOTORISTÁXI Nº 10

JORNAL MOTORISTAXI Nº 10

SISTEMA GPS

Está a decorrer, com entusiasmo e muita dedicação o trabalho de montagem do sistema GPS na rádio táxis Invicta.
A central está montada, estão a ser introduzidos dados complementares, nomeadamente, actualização dos ficheiros com informações específicas das capacidades de cada motorista.
Cinquenta veículos já circulam com o monitor devidamente montado. No fim do mês de Junho tudo deve de estar pronto. Os meses de Julho e Agosto são dois meses para experiências, e no início de Setembro vai estar a trabalhar em pleno.
Desejamos as maiores felicidades para a total concretização dos objectivos, assim como também um voto de confiança em todo o vosso trabalho.

DUAS PERSONALIDADES

Estatura média, barba e cabelo brancos, bem vestido, bom nível cultural. Entrou no táxi e:
- È uma corrida pequena mas prefiro deixar a viatura aqui (praça Sá Carneiro) porque já bebi uns copos a mais.
- É preferível assim, até porque as multas são muito elevadas.
- Meu caro amigo, eu sou juiz e quero lá saber das multas para alguma coisa. Senhor Motorista, vamos seguir à rua Costa Cabral, entretanto eu indico o café onde quero ficar.
Seguindo as indicações do Senhor e depois de alguma conversa " da treta " chegamos ao tão desejado café, o taxímetro marcava quatro euros e tal, dá-me dez euros para a mão e…
- Fica com os dez euros na condição de me vir buscar daqui a uma hora.
- Sim Senhor !
Uma hora depois estava à porta do café, aguardei pelo senhor durante meia hora, como não apareceu, vim embora, marcando o taxímetro.
Duas semanas depois, no mesmo local o referido cliente entrou novamente na viatura:
- Mi leva aí por Costa Cabral, qui io te indico o caminho.
E sempre a imitar um sotaque espanhol.
- Eu falo bem português apesar de estar à muitos anos nos Estados Unidos.
Transportei-o para o mesmo café, mas nem lhe dirigi mais palavra. Boa noite.

Crónica

Ao passar pela Avenida dos Aliados está uma bonita estátua a invocar o autor das «Viagens da minha terra» e das «Folhas caídas», o poeta, escritor e político ALMEIDA GARRETT.
Quem sobe a praça Filipa de Lencastre, do lado direito, vê uma série de casas alinhadas e nem sonha que uma delas foi berço e residência do Bravo do Mindelo. Pelo menos, foi o que eu li algures, se bem que estou convicto que a verdade histórica não é como a verdade matemática. Res sunt, ergo cogito. As coisas são, logo penso.
João Manuel Vitorino Seixas

AS CHAVES

O Silveira efectuou uma corrida do hotel Meridien para a rua do Almada. O cliente está notoriamente embriagado. Ao chegar a casa, revela dificuldade em abrir a porta, o Motorista oferece-se para ajudar.
O porta chaves tem várias chaves e como é óbvio o Silveira não sabe qual delas é. Tenta uma, tenta duas, mas entretanto a mulher do cliente apercebe-se do barulho, vem à porta e ao ver o estado do marido, diz:
- Ò homem, estás outra vês bêbado?
- EU? BÊBADO? NÃO! BÊBADO ESTÁ O SENHOR MOTORISTA QUE NEM SABE QUAL É A CHAVE PARA ABRIR A PORTA!

UM SONHO

Dois Motoristas falavam um com o outro, e a conversa era (como não podia deixar de ser) sobre as "corridas" que tinham efectuado, e daí um deles diz:
- Ontem é que fiz um serviço, estava na estação de Campanhã, entrou-me um casal e fui para Lisboa, foi uma viagem fantástica, paramos umas três vezes para petiscar e jantar e pagaram tudo, a viagem correu muito bem.
- E quanto recebeste pela corrida?
- Pois aí é que foi o pior, quando estava para receber, a minha mulher acordou-me.

ESTUPEFACTO
O Marques estava no campo 24 de Agosto quando lhe entrou um casal para transportar a Zebreiros. Naturalmente seguiu, rua do heroísmo, rua do freixo, rotunda do freixo, e finalmente entra na marginal. A determinada altura, e percorridos alguns kilometros, ouve a voz feminina:
- Está quieto!
Não dando muita importância ao assunto, continuava a fazer o seu trabalho. Já muito perto do local a menina pede para parar e que quer ficar ali, o individuo por sua vez diz que é para seguir, e durante um ou dois minutos estão os dois naquele impasse, vai não vai, pára não pára. Até que o Motorista sem saber o que fazer estaciona a viatura e:
- Peço desculpa, não sei o que se passa, mas seria bom decidirem o que fazer.
- Senhor eu quero ficar aqui, até porque já estou a telefonar para o meu namorado para vir ter comigo a este local.
- Não vamos deixar a menina aqui sozinha, diz Ele.
É óbvio, após este diálogo, concluir de que não se tratava de um casal de namorados, nem pouco mais ou menos. Entretanto ficaram à espera do presumível namoro…
O Marques continuava no seu posto de trabalho, quando vê a chegar uma motorizada. Estaciona e de imediato se dirige com agressividade ao motorista agarra-lhe na lapela e
- Mas o que é isto? Não é nada comigo, eu não tenho nada com o que se está a passar!
- Não é com o Senhor motorista, é com este senhor.
O outro sai da viatura, dá um pontapé na moto e deita-a ao chão, e inicia-se ali uma tentativa de ajuste de contas. Mas… por obra do Espírito Santo está a passar no local uma viatura da polícia marítima, o Marques faz sinal, eles param e conta-lhes o que se está a passar. Tudo ficou calmo, e chamaram a GNR.
Longos minutos depois chegou a referida brigada,
- Então como foi o acidente?
- Ó Senhor agente não se trata de nenhum acidente, a moto está no chão porque a empurraram! ( e conta o que se está a passar)
- Sendo assim, temos de chamar outra equipe, porque este assunto não é connosco.
Mais uns largos minutos e lá chegou a brigada que finalmente iria tomar conta do caso. Identificaram todos os intervenientes , ouviram os mesmos, e eis a versão do individuo que a acompanhava ;
- Estava na paragem das camionetas, não sabia muito bem os horários, até que apareceu aquela menina e disse ainda faltar algum tempo, então convidei-a a ir ao café tomar alguma coisa, Ela aceitou, fomos conversando animadamente, entretanto regressamos ao terminal de camionagem, não se vislumbrava qualquer transporte, decidi ir de táxi para Cebolide, e que lhe dava boleia ao que Ela aceitou, foi só isto.
Tudo voltava à normalidade, o namorado foi pedir desculpa ao motorista pela sua atitude, O Agente perguntou ao Marques se queria apresentar queixa, e se queria continuar o transporte para Cebolide.
-Senhor Agente quero é que me paguem a corrida, já chega as horas que eu estou a perder.
-O Senhor tem dinheiro para pagar ao Motorista?
- Graças a Deus não me falta dinheiro! ( e puxa por um maço de notas)
- Então vamos lá, eu vou levá-lo.
E lá foram para Cebolide, pagou a corrida e durante a viagem lá foi a contar como tudo aconteceu. Mesmo assim o mais prejudicado foi o motorista que esteve retido durante umas largas três horas.

ANTÓNIO ALEIXO

O poeta António Aleixo, cauteleiro e pastor de rebanhos, cantor popular de feira em feira, pelas redondezas de Loulé (Algarve - Portugal) é um caso singular, bem digno de atenção de quantos se interessam pela poesia.Nasceu em Vila Real de Santo António a 18 de Fevereiro de 1899 e faleceu em Loulé a 16 de Novembro de 1949.Não sendo totalmente analfabeto, sabe ler e leu meia dúzia de bons livros - não é porém capaz de escrever com correcção e a sua preparação intelectual não lhe deu qualificação para poder ser considerado um poeta culto. Mas ficou sendo conhecido por o maior poeta popular (O poeta do povo).

POESIA

Vós que lá do vosso Império
prometeis um mundo novo,calai-vos,
que pode o povoqu'rer
um Mundo novo a sério.


Uma mosca sem valor
Poisa c'o a mesma alegria
na careca de um doutor
como em qualquer porcaria.

P'ra mentira ser segura
e atingir profundidade
tem de trazer à mistura
qualquer coisa de verdade.

Em não tenho vistas largas
Nem grande sabedoria
Mas dão-me as horas amargas
Lições de Filosofia.


Sumário
· Sistema GPS
· Duas Personalidades
· Crónica
· As Chaves
· Um sonho
· Estupefacto
. Antonio Aleixo