SISTEMA GPS
Está a decorrer, com entusiasmo e muita dedicação o trabalho de montagem do sistema GPS na rádio táxis Invicta.
A central está montada, estão a ser introduzidos dados complementares, nomeadamente, actualização dos ficheiros com informações específicas das capacidades de cada motorista.
Cinquenta veículos já circulam com o monitor devidamente montado. No fim do mês de Junho tudo deve de estar pronto. Os meses de Julho e Agosto são dois meses para experiências, e no início de Setembro vai estar a trabalhar em pleno.
Desejamos as maiores felicidades para a total concretização dos objectivos, assim como também um voto de confiança em todo o vosso trabalho.
DUAS PERSONALIDADES
Estatura média, barba e cabelo brancos, bem vestido, bom nível cultural. Entrou no táxi e:
- È uma corrida pequena mas prefiro deixar a viatura aqui (praça Sá Carneiro) porque já bebi uns copos a mais.
- Sim Senhor !
Uma hora depois estava à porta do café, aguardei pelo senhor durante meia hora, como não apareceu, vim embora, marcando o taxímetro.
Duas semanas depois, no mesmo local o referido cliente entrou novamente na viatura:
- Mi leva aí por Costa Cabral, qui io te indico o caminho.
E sempre a imitar um sotaque espanhol.
- Eu falo bem português apesar de estar à muitos anos nos Estados Unidos.
Transportei-o para o mesmo café, mas nem lhe dirigi mais palavra. Boa noite.
Crónica
Ao passar pela Avenida dos Aliados está uma bonita estátua a invocar o autor das «Viagens da minha terra» e das «Folhas caídas», o poeta, escritor e político ALMEIDA GARRETT.
Quem sobe a praça Filipa de Lencastre, do lado direito, vê uma série de casas alinhadas e nem sonha que uma delas foi berço e residência do Bravo do Mindelo. Pelo menos, foi o que eu li algures, se bem que estou convicto que a verdade histórica não é como a verdade matemática. Res sunt, ergo cogito. As coisas são, logo penso.
João Manuel Vitorino Seixas
AS CHAVES
O Silveira efectuou uma corrida do hotel Meridien para a rua do Almada. O cliente está notoriamente embriagado. Ao chegar a casa, revela dificuldade em abrir a porta, o Motorista oferece-se para ajudar.
O porta chaves tem várias chaves e como é óbvio o Silveira não sabe qual delas é. Tenta uma, tenta duas, mas entretanto a mulher do cliente apercebe-se do barulho, vem à porta e ao ver o estado do marido, diz:
- Ò homem, estás outra vês bêbado?
- EU? BÊBADO? NÃO! BÊBADO ESTÁ O SENHOR MOTORISTA QUE NEM SABE QUAL É A CHAVE PARA ABRIR A PORTA!
UM SONHO
Dois Motoristas falavam um com o outro, e a conversa era (como não podia deixar de ser) sobre as "corridas" que tinham efectuado, e daí um deles diz:
- Ontem é que fiz um serviço, estava na estação de Campanhã, entrou-me um casal e fui para Lisboa, foi uma viagem fantástica, paramos umas três vezes para petiscar e jantar e pagaram tudo, a viagem correu muito bem.
- E quanto recebeste pela corrida?
- Pois aí é que foi o pior, quando estava para receber, a minha mulher acordou-me.
ESTUPEFACTO
- Está quieto!
Não dando muita importância ao assunto, continuava a fazer o seu trabalho. Já muito perto do local a menina pede para parar e que quer ficar ali, o individuo por sua vez diz que é para seguir, e durante um ou dois minutos estão os dois naquele impasse, vai não vai, pára não pára. Até que o Motorista sem saber o que fazer estaciona a viatura e:
- Peço desculpa, não sei o que se passa, mas seria bom decidirem o que fazer.
- Senhor eu quero ficar aqui, até porque já estou a telefonar para o meu namorado para vir ter comigo a este local.
- Não vamos deixar a menina aqui sozinha, diz Ele.
É óbvio, após este diálogo, concluir de que não se tratava de um casal de namorados, nem pouco mais ou menos. Entretanto ficaram à espera do presumível namoro…
O Marques continuava no seu posto de trabalho, quando vê a chegar uma motorizada. Estaciona e de imediato se dirige com agressividade ao motorista agarra-lhe na lapela e
- Mas o que é isto? Não é nada comigo, eu não tenho nada com o que se está a passar!
- Não é com o Senhor motorista, é com este senhor.
O outro sai da viatura, dá um pontapé na moto e deita-a ao chão, e inicia-se ali uma tentativa de ajuste de contas. Mas… por obra do Espírito Santo está a passar no local uma viatura da polícia marítima, o Marques faz sinal, eles param e conta-lhes o que se está a passar. Tudo ficou calmo, e chamaram a GNR.
Longos minutos depois chegou a referida brigada,
- Então como foi o acidente?
- Ó Senhor agente não se trata de nenhum acidente, a moto está no chão porque a empurraram! ( e conta o que se está a passar)
- Sendo assim, temos de chamar outra equipe, porque este assunto não é connosco.
Mais uns largos minutos e lá chegou a brigada que finalmente iria tomar conta do caso. Identificaram todos os intervenientes , ouviram os mesmos, e eis a versão do individuo que a acompanhava ;
- Estava na paragem das camionetas, não sabia muito bem os horários, até que apareceu aquela menina e disse ainda faltar algum tempo, então convidei-a a ir ao café tomar alguma coisa, Ela aceitou, fomos conversando animadamente, entretanto regressamos ao terminal de camionagem, não se vislumbrava qualquer transporte, decidi ir de táxi para Cebolide, e que lhe dava boleia ao que Ela aceitou, foi só isto.
Tudo voltava à normalidade, o namorado foi pedir desculpa ao motorista pela sua atitude, O Agente perguntou ao Marques se queria apresentar queixa, e se queria continuar o transporte para Cebolide.
-Senhor Agente quero é que me paguem a corrida, já chega as horas que eu estou a perder.
-O Senhor tem dinheiro para pagar ao Motorista?
- Graças a Deus não me falta dinheiro! ( e puxa por um maço de notas)
- Então vamos lá, eu vou levá-lo.
E lá foram para Cebolide, pagou a corrida e durante a viagem lá foi a contar como tudo aconteceu. Mesmo assim o mais prejudicado foi o motorista que esteve retido durante umas largas três horas.
ANTÓNIO ALEIXO
O poeta António Aleixo, cauteleiro e pastor de rebanhos, cantor popular de feira em feira, pelas redondezas de Loulé (Algarve - Portugal) é um caso singular, bem digno de atenção de quantos se interessam pela poesia.Nasceu em Vila Real de Santo António a 18 de Fevereiro de 1899 e faleceu em Loulé a 16 de Novembro de 1949.Não sendo totalmente analfabeto, sabe ler e leu meia dúzia de bons livros - não é porém capaz de escrever com correcção e a sua preparação intelectual não lhe deu qualificação para poder ser considerado um poeta culto. Mas ficou sendo conhecido por o maior poeta popular (O poeta do povo).
POESIA
Vós que lá do vosso Império
Uma mosca sem valor
como em qualquer porcaria.
P'ra mentira ser segura
Em não tenho vistas largas
Sumário
· Sistema GPS
· Um sonho
· Estupefacto