domingo, 21 de setembro de 2008

JORNAL MOTORISTÁXI Nº 2

JORNAL MOTORISTÁXI Nº 2


OS UTENTES

O Motorista de táxi, não tem tarefa fácil no que diz respeito ao atendimento de muitos dos seus clientes, nomeadamente no horário nocturno.
Possíveis conflitos são muito frequentes, e surgem rapidamente, ou somos pacientes e com alguma experiência, ou então não conseguimos ultrapassar muitas dessas dificuldades.
Uns querem fumar, outros querem comer, querem sintonizar o rádio na sua frequência favorita, querem abrir os vidros, querem fechar os vidros, querem ir cinco pessoas, querem ir devagar, querem ir mais depressa, querem passar no vermelho, querem passar em sentidos proibidos, etc.
Não é regra geral, mas muitos dos clientes quando entra num táxi, só pensa que tem direitos, mas felizmente também têm deveres. #


MOTORISTA ASSASSINADO


Mais um motorista de táxi assassinado.
Mais uma oportunidade para os responsáveis do sector se protagonizarem na comunicação social, aproveitando para anunciar mais medidas teóricas, e como sempre, sem quaisquer resultados práticos.
No ano de 2002, muito se falou na instalação do actual candeeiro que transmite um SOS, que na prática demonstrou uma total ineficácia em termos de segurança.
Actualmente temos em discussão as novas tecnologias, a vídeo vigilância e o táxi seguro, já instalado em muitas viaturas, mas ainda sem resultados à vista, provocando uma grande divisão de opiniões, quanto à eficácia dos referidos sistemas.
Estou de acordo, quando se diz que todos os sistemas que signifiquem um acréscimo de segurança, são bem vindos. Mas na minha modesta opinião, só com a instalação de um vidro separador, ao qual eu chamo de único sistema defensivo, será possível combater em cerca de 80%, as graves situações que se nos deparam, nomeadamente os assaltos e as faltas de pagamento pelos serviços prestados. #


QUE ALÍVIO

Os clientes entraram no hospital de Santo António, um casal, Ele Alemão e Ela Ucraniana.
- Pode-nos levar a Cinfães do Douro?
- Posso, mas é uma corrida que fica cara, deve de andar à volta de 80 euros.
- Sim senhor! Podemos seguir.
Foi uma viagem normal, cliente algo falador e lá foi dizendo que era Alemão, que gostava muito de estar em Portugal e que ia muitas vazas a Marrocos.
Chegados a Cinfães, vai indicando o caminho, ora para a esquerda, ora para a direita e sempre em frente em direcção ao rio. Até que entram numa estrada onde só cabia, e muito mal, uma viatura, à direita árvores, à esquerda mato cerrado, durante três longos kilometros o cenário foi sempre o mesmo.
. Agora aqui à direita.
- O senhor desculpe, mas ali não viro porque não dem condiçõas.
- Mas olhe que passam ali tratores.
- Pois mas isto não é um trator é um táxi e como tal não tem as mesmas condições.
- Prontos não há problemas, nós ficamos aqui e vamos o que falta a pé.
Pagaram, UM ALÍVIO para o motorista, que durante alguns minutos estava muito apreensivo. #


O BALÃO

Estão vários táxis na postura.
A senhora acompanhada de uma criança, é portadora de um balão, que a olho nu, se pode verificar (pelo seu tamanho) a impossibilidade do seu transporte em qualquer veículo ligeiro.
Mesmo assim, dirige-se ao primeiro táxi na expectativa de o motorista, arranjar uma fórmula, para assim poder “enfiar” o referido objecto, ao qual o senhor obviamente respondeu negativamente.
Não satisfeita, foi à segunda e terceira viaturas, nesta última e depois de ouvir a mesma resposta, LEVA A PORTA BEM ATRÁS, TOMA BALANÇO E BATE A PORTA COM TODA A SUA FORÇA.
Felizmente não danificou nada, mas… poderia ter acontecido.
Naturalmente que gerou ali um pequeno problema, com troca de alguns “mimos”, mas é claro que a senhora foi grosseira e mal educada. #


BAIRRO DE CONTUMIL

Uma chamada para o bairro de contumil.
Um casal de ciganos com uma criança, Ele vai à frente. O destino é aldoar.
Depois de iniciar a marcha, um companheiro do cliente faz sinal de paragem, o motorista simula que vai parar…
- Ó senhor vai parar para quê? Eu não quero que pare, siga.
- Desculpe, pensei que queria falar ao seu amigo.
E tudo começou ali.
Seguem viagem, depois de entrar na VCI o indivíduo começou a provocar e a ameaçar o condutor.
- Eu dou-lhe um tiro! Ó mulher dá.me aí o casaco.
- Ó homem está calado, não tenho casaco nenhum.
Faz oe gestos para arrancar o taxímetro, insulta-o do pior.
Com tudo isto e muito mais, o motorista está num estado psicológico muito intenso, não sabendo muito bem como tudo vai acabar.
Entretanto chegaram ao local, a mulher sai com a criança, Ele, sempre verbalmente agressivo, também sai, dizendo que não paga a corrida.
Após chamar o carro patrulha via central, de imediato a polícia chega ao local. Juntam-se algumas pessoas, existe um momento de ulguma tensão, mas as autoridades conseguem controlar a situação e finalmente pagam a corrida. È muito difícil trabalhar nestas condições. #


NÃO PAGAMENTO

O não pagamento de um serviço, já é um mal menor.
Sem dúvida alguma que este tipo de situações tem vindo a aumentar, vai ser, é necessário tomar medidas urgentes. Porque não a obrigatoriedade do pré pagamento a partir de determinada quantia?
Nos autocarros, nos comboios, no metro, o transporte é sempre pago antes, porque não admitir o mesmo sistema nos táxis?
A entidade patronal, muitas vezes tem dificuldades em acreditar na veracidade deste problema, o que leva muitas das vezes, os motoristas a não descontarem as respectivas importâncias.
Vale a pena pensar nisto! #


RÁDIO POR GPS - O FUTURO

São muitos os benefícios para os utilizadores.
· Despacho rápido e eficaz dos serviços
· Menos de um segundo para a recepção de um serviço.
· Silêncio na viatura (que bom)
· Mapa de ruas
· Distribuíção de serviços totalmente automática e JUSTA
· Control de tempo real de posição da viatura
· Possibilidade de efectuar breve pausa sem perda da posição

MAIS TRANSPARÊNCIA EM TODO O TRABALHO NAS CENTRAIS


FRUSTRAÇÕES

Um casal entrou no táxi.
- Boa noite, queria pedir o favor ao senhor de deixar esta menina aqui a uns duzentos metros e depois é para seguir. Sabe, tive agora mesmo um desatino com um colega do senhor e do qual vou apresentar uma queixa.
- Ai sim! De facto foi o casal que vi a entrar à pouco num táxi nesta postura.
Percorridos os metros indicados a menina ficou em casa e segui com o cavalheiro.
- O seu colega não sabe com quem se meteu, eu sou economista, trabalho no parlamento. Sim porque sou eu quem controla todos aqueles políticos
Entretanto chegamos ao local indicado, o indivíduo paga-me o serviço, mas não sai da viatura,e…- O seu colega amanhã já não é motorista, pode crer, eu vou tratar do assunto, vou…blá,blá,blá.
Eu sempre sem lhe falar, a olhar de frente para a pessoa, até que se cansou e saiu quase já sem forças para falar.
Nitidamente pessoa frustrada, possivelmente estava a dizer tudo aquilo que gostaria de ser, mas não é.
E então encontrou um pobre taxista, que possivelmente não percebe nada destas coisas, e vai daí começa a desbobinar um rol de cargos públicos que não mais acabam.
Mas pensa mal quem assim pensa. Os motoristas de táxi sabem muito mais do que conduzir um veículo. São pessoas adultas, pais, são avós e têm uma GRANDE EXPERIÊNCIA DE VIDA.


SUMÁRIO

Os Utentes
Motorista assassinado
Que alívio
O balão
Bairro de contumil
Não pagamento
Rádio por GPS
Frustrações
Responsabilidade de Henrique Teixeira


Agosto 2008



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