domingo, 21 de setembro de 2008

JORNAL MOTORISTÁXI Nº 1

JORNAL MOTORISTÁXI Nº 1

NOTA DE ABERTURA

O título deste jornal, foi editado e distribuído, nos anos de 1991 a 1993. Passados quinze anos está de volta, porquê e para quê ? Primeiro, porque temos a ideia de que existe espaço suficiente para fomentar a discussão na praça publica, sobre os vastos problemas com que se vai deparando a nossa profissão. Segundo, porque queremos contribuir para uma maior dignificação da nossa classe.
Por “carolice“, um grupo de motoristas, cujo responsável é o Henrique Teixeira, decidiu concretizar esta ideia com um grande espírito de responsabilidade. #

OS UTENTES

A imprensa e o público em geral, sempre que fala no sector táxis, é só para criticar os motoristas. Não me lembro, de alguém querer falar sobre o comportamento dos utentes, e todos nós sabemos não ser tarefa fácil.
O grande objectivo deste pequeno jornal, é precisamente divulgar os vários comportamentos dos nossos clientes.
Naturalmente, vamos precisar da colaboração de todos, e como? Fazendo-nos chegar por escrito ou verbalmente, todos os episódios e diálogos que achem convenientes. #

DE SAPATOS NA MÃO

Cinco horas da manhã. O Augusto (43 inv ), respondeu para a rua Coutinho de Azevedo, depois de aguardar uns breves minutos, finalmente as luzes do prédio acendem-se, e vem um homem, aparentando uns trinta anos de idade.
Corre para o táxi com uma pequena mala na mão e com um par de sapatos noutra, foi quando verificou que vinha descalço.
Entra na viatura, informa que quer ir para a estação de Campanhã. E para espanto do motorista, o cliente pousa os pés entre os dois bancos da frente e começa por calçar as peúgas e os sapatos. Quando chegou à estação já estava calçado. #

ACONTECE

O Bessa ( 79 inv ), respondeu para um serviço, quando chegou ao local, estava uma senhora com uma criança ao colo, com mais dois sacos.
Como bom profissional, saiu do volante, abriu a porta de trás para a senhora entrar com a criança, e foi meter os sacos na mala.
Chegados ao destino, o motorista diz quanto é da corrida, e a senhora chama a atenção para o valor elevado do serviço.
O Bessa, informa a cliente de que tem mais o suplemento dos sacos, a senhora informa de que não tem sacos nenhuns.
Conclusão, os sacos eram de lixo, só que estavam mesmo ao lado da senhora. A tarefa do colega, foi de facto ir deitar os sacos num recipiente do lixo. #

A CINFÃES

Quando cheguei à postura, estava o Carmindo a contar o que se tinha passado com um serviço.
Só me apercebi, de que o cliente tinha saído da camioneta, posteriormente se dirigiu ao táxi, e queria ir para Cinfães. Durante a viagem, muito bem falante, relativamente bem vestido, não levantou suspeitas ao referido motorista.
Já muito perto do destino, o cliente pede para parar, que precisava de urinar… E lá se foram 75 euros. Fugiu. #

DEZASSEIS HORAS?

Eram cinco horas da manhã, fui chamado para a rotunda do mercado da fruta. Já no local, entra um cliente para o transportar ao bairro de Azevedo.
Após alguns momentos de conversa, constatei de que se tratava de um colega de profissão. Tinha deixado a viatura para ir descansar.
- Tenho um aeroporto marcado para as 14.30 horas, e vou descansar mais cedo.
- Então vai descansar muito pouco.
- Já ando nos táxis à cinco anos, e trabalho todos os dias das 15.00 às 07.00 horas, mas sinto-me cansado, sempre com dores nas costas, olhe, é a vida de quem precisa.
Fiquei com a ideia de uma pessoa educada, humilde e trabalhador, que faz 16 horas diárias ao volante de um táxi. Uma vez por outra ainda se poderia compreender, mas todos os dias?
Por amor de Deus, como pode ser isto possível? QUE SEGURANÇA PODE DAR A SI PRÓPRIO E AOS CLIENTES? #

ONDE MENOS SE ESPERA

Sinceramente não sei com que motorista se passou, de qualquer das formas, achamos conveniente divulgar, não só pela história em si, mas também como exemplo para futuras situações.
O homem faz paragem ao táxi, entra com um vasilhame e queria ir a umas bombas, porque o seu jipe ficou sem gasolina.
O colega leva o cliente a umas bombas e regressam à referida viatura. Ao parar, o indivíduo deixa cair um pouco de gasolina.
Como é natural o motorista ficou preocupado em limpar de imediato, até para evitar que o cheiro se acumulasse.
Entretanto, o “estimado cliente” mete o combustível no “seu belo jipe” e… fugiu sem pagar a corrida, com a agravante de ainda ter tempo de lavar o telemóvel e alguns trocos que estavam à vista. TODO O CUIDADO È POUCO. #

RÁDIO POR GPS – O FUTURO
Mais cedo ou mais tarde, não tenho duvidas de que o futuro das rádio táxis passam pela instalação do sistema GPS.
Os táxis são rastreados directamente pela central, que distribui automaticamente as corridas para os veículos mais próximos dos passageiros. De dentro do automóvel, o taxista recebe a chamada no terminal indicando onde se encontra o cliente. Depois surge um mapa indicando o destino da viagem. Esta tecnologia vai facilitar a vida das centrais e dos clientes. Vão ficar mais ágeis e conseguir trabalhar mais e melhor.
E, no futuro, que implicações positivas e benefícios vai trazer ao funcionamento das centrais? Muitos, muitos e muitos.
1º- Vai acabar com a arrogância e o mau profissionalismo de muitos operadores, vai acabar com a sistemática má entrega de serviços, vai acabar com as entregas de serviços fáceis para uns e difíceis para outros, e vai acabar de se ouvir os “berros” dos operadores, que normalmente transmitem às centenas de clientes uma péssima imagem de formação.
2º- Vai acabar com as más localizações por parte dos motoristas, e como tal deixa de existir as participações neste sentido, tirando desta forma muito trabalho às direcções, terminando com o que eu chamo de “julgamentos”, muitas das vezes não isentos e até injustos, efectuados por pessoas não qualificadas para o efeito, e por isso eu achar esta prática inconstitucional.
3º- E concluindo, o sistema GPS vai trazer muito mais transparência em todo o trabalho das centrais, com menos trabalho, eu até diria “com menos barafunda” é possível fazer mais e melhor.
Compreendo perfeitamente, de que algumas pessoas do sector, nomeadamente os mais idosos, tenham algumas dificuldades em entender as novas tecnologias, mas acreditem que é a coisa mais fácil.
Depois, temos as pessoas que, mesmo sabendo dos benefícios do sistema, da necessidade urgente de modernizar e evoluir este sector, só gostam de estar no contra, não fazendo nada pelo sector, continuando com a política de “quanto pior melhor”, para assim poderem “manobrar” à vontade. #
SUMÁRIO

Nota de abertura
Os utentes
De sapatos na mão
Acontece
A Cinfães
Dezasseis horas
Onde menos se espera
Rádio por GPS
motoristaxi@hotmail.com
Julho 2008

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