quarta-feira, 24 de junho de 2009

JORNAL MOTORISTÁXI Nº 11

JORNAL MOTORISTÁXI Nº 11


SEGURANÇA
O tema “segurança” deve de estar sempre presente no nosso quotidiano, fazendo parte de uma das principais preocupações profissionais.
E porquê? Porque os assaltos continuam, as faltas de pagamentos já são uma prática comum, e não se vê ninguém, no mínimo, a tomar posições de repúdio sobre este tipo de acções.
Infelizmente, e só quando se verifica um assalto com grave percussão (por exemplo a morte de um colega), de imediato “ todos querem mais segurança “, e também de imediato, todos os responsáveis querem ser intervenientes teóricos e candidatos ao protagonismo mediático na comunicação social.
A nossa segurança não se faz só com a montagem deste ou daquele sistema, também é indispensável a PREVENÇÃO, seria de uma boa e fácil responsabilidade, promover ao longo do ano, iniciativas de carácter pedagógico, sempre com o objectivo de alerta e formação contínua.
A Todos os responsáveis do nosso sector, que para além dos habituais almoços, jantares e outras actividades que entre si vão organizando, e que naturalmente são necessários, sejam também sensíveis ao problema da nossa segurança.
Estou completamente de acordo quando se diz, de que para tudo isto, é preciso; poder de iniciativa, poder de criatividade, poder organizativo, poder de gestão, conhecimentos e espírito cooperativista e associativista, e o mínimo de intelecto para conseguir levar a bom termo as várias tarefas que se lhes deparam. APRENDER, APRENDER SEMPRE! PELA VIDA DOS NOSSOS PROFISSONAIS.

F.P.T.
A Federação Portuguesa do Táxi, realizou no dia 30 de Maio de 2009 , na Junta de Freguesia de Santo Ildefonso, uma secção de esclarecimento destinada a todos os profissionais do sector.
O objectivo desta iniciativa foi divulgar as conclusões dos grupos de trabalho, então criados, em conformidade com o despacho nº22775/2008.
Os temas abordados foram; regime jurídico aplicável ao transporte de crianças, questões referentes à possibilidade de isenção de registo em livrete individual de controlo e por último questões referentes à alteração do regime da Formação Profissional / Certificado Profissional.
Registou uma boa participação.

A VALONGO
O nosso colega e amigo Gaspar (aquele que pára muito no bom sucessso), conta, que há já vários anos viveu um episódio, que apesar de não ser inédito, lhe ficou na memória talvez pelo estado psicológico em que o seu cliente se encontrava.
Estava na antiga postura da Avenida dos Aliados, situada no lado direito depois do café Guarani, entra um indivíduo muito de repente com muita pressa e diz:
- Por favor siga aquele táxi, não se preocupe que nada vai acontecer, mas por favor não o perca de vista.
- Muito bem vamos fazer os possíveis e sem fazer asneiras.
O referido veículo seguiu avenida acima, rua Faria Guimarães, Rua da Constituição, zona da Boavista e por aí fora. O cliente estava muito nervoso, pouco falava e não fazia ideia nenhuma para onde se dirigia. Depois de muitas voltas pela cidade, começamos a verificar uma outra direcção completamente diferente, mais concretamente para norte, e entretanto já estamos na estrada de Valongo.
Finalmente o outro táxi parou, estávamos no FLOR DA SERRA, uma boite situada na serra de Valongo, num lugar muito ermo. O cliente sai, manda esperar um minuto, e vai ter com a Senhora que estava na outra viatura, alta discussão, sapatada para trás sapatada para a frente, os dois Motoristas impávidos e serenos nos seus postos de trabalho, até que o indivíduo se dirige novamente para o táxi e pede o favor de voltar para o Porto.
De regresso, o homem que naturalmente continuava muito nervoso, começou a contar que estava em Espanha a trabalhar, para assim poder dar melhores condições à sua família, e que entretanto soube que a mulher estava a trabalhar num bar de alterne, ao principio não acreditava, mas resolveu vir a Portugal sem nada dizer, para poder ver com os seus próprios olhos. E infelizmente era verdade.


SÃO JOÃO









S. João…cravos aos molhos Na noite de S. João Se a saudade fosse pão
Manjericos pela rua Fui contigo enlouquecida Igual ao que a gente come
E no sonho dos teus olhos Na fogueira dos teus braços Na noite de S. João
Balões grandes como a lua! Abri os braços à vida ! Ninguém morria de fome!

1960 – Mira(Vila Real) 1962 - Rosa sem cravo 1965 - Saudosista (porto)


A razão não se procura Sou velhinho, S. João
Na noite de S. João Mas não nego que me afoite
- Nesta noite de loucura A ir de ramo e balão
Ter loucura é ter razão… Nos braços da tua noite

1973 . sempre (Porto) 1970 Miragaia (Porto)


Povo! Na tua fé louca Se a mensagem duma trova Na noite dos manjericos
Cantavas p’ra mão chorar! Vai inspirar quem a escuta, Vão no balão mais uns cobres
- Hoje, sem cravos na boca, S. João ! Isso é uma prova Brincamos vida de ricos
Choras de poder cantar Que a cantar também se luta Vivemos vida de pobres

1074 – Topázio 1975 - Ave Alegre 1977 – Zé do Norte


Tirado do Coleccionável “S. João do Porto” do Jornal de Notícias


Primeiro Táxi adaptado para transporte de deficientes motores do Porto










Felicitamos António Guimarães, pelo grande poder de iniciativa e de organização. Mais palavras para quê?

EM DIRECÇÃO A LISBOA

O Rui Teixeira, motorista à mais de 30 anos, conta-nos uma das vastas histórias que ao longo do tempo se lhe foi deparando.
“ Já vai à mais de vinte anos, estava na postura de Campanhã na expectativa de uma boa corrida, as viaturas que estão à sua frente vão saindo, até que fica em primeiro, mas sem que se vislumbre mais algum cliente.
No entanto, e após decorridos alguns minutos, uma Senhora já com alguma idade, entra na viatura.
- Faz o favor minha Senhora!
- Cheguei agora de Barcelos! E quero que me leve a casa de minha filha.
- Desculpe! E onde mora a sua filha?
- Sei lá, não faço ideia nenhuma, mas deve conhecê-la, é médica e chama-se Armanda. Olhe, quando estou lá em casa ela diz sempre “aqueles carros que passam ali vão em direcção a Lisboa”
- Sim, mas só isso não é o suficiente para eu saber onde mora a sua filha.
O Rui sai da viatura, conversa com um ou dois colegas e um deles dá a ideia do prédio da SIC. Chegados ao local;
- È aqui minha Senhora?
- Não, não conheço nada disto, não é aqui!
A Senhora sabia dizer o nome completo da filha, então com muita calma e paciência, e principalmente com um grande sentido de responsabilidade e sensibilidade, o referido motorista partiu à procura de uma cabina telefónica (ainda não havia telemóveis) para tentar na lista telefónica a respectiva morada.
Foi à primeira, foi à segunda e não tinham listas, voltou à rotunda da Boavista e numa das cabinas encontrou uma, procurou o nome e lá estava, nem mais nem menos o prédio da SIC, tomou nota do andar e quando chegou tocou na respectiva campainha. Atendeu uma voz feminina.
- Quem é?
- Sou motorista de táxi e transporto uma senhora que diz ser sua Mãe.
- Ai valha-me Deus, eu desço já, por favor aguarde um minuto.
Quando chegou, e depois de contar o que se estava a passar, acabou por dizer que a Mãe não lhe tinha dito nada que vinha ao Porto. Agradeceu muito ao Rui todo o trabalho e cuidado que teve com a situação. Pagou a corrida com gratificação. A senhora não tinha dinheiro.”
Um bom exemplo de profissionalismo.

VIAGEM ÀS BOMBAS
Após ter respondido a uma chamada e chegado ao local, vem um cliente já com alguma idade, com muitas dificuldades em se movimentar, aparentando ter bebido uns copitos.
Tudo isto por volta das três e trinta horas da manhã. Depois de o ter ajudado a entrar na viatura, e quando já estava instalado, diz que quer ir a umas bombas de gasolina para comprar tabaco.
Lá fomos às bombas mais próximas, pediu cigarros e um café, tudo isto nas maiores calmas do mundo até pela sua dificuldade em se movimentar, aguardei com toda a tranquilidade.
Passados longos minutos, veio para o táxi, ajudei-o a entrar e regressamos a sua casa. Já no local informei de quanto era a corrida, o senhor dá-me uma nota de dez euros, quando estou para guardar a nota, sinto que está mais uma nota e verifico.
Saí para o ajudar, deixo-o à porta de casa e entrego-lhe a nota de dez euros que estava a mais.
- Não me leva nada é ?
- O senhor deu-me uma nota a mais.
- Pronto está bem, não me quer levar nada e está a dizer que foi a mais…!

Sumário

# SEGURANÇA
# FEDERAÇÃO
# A VALONGO
# MONUMENTOS DO PORTO
# S. JOÃO DO PORTO
# TRANSPORTE DEFICIENTES
# EM DIRECÇÃO A LISBOA
# VIAGEM ÀS BOMBAS

segunda-feira, 15 de junho de 2009

JORNAL MOTORISTÁXI Nº 10

JORNAL MOTORISTAXI Nº 10

SISTEMA GPS

Está a decorrer, com entusiasmo e muita dedicação o trabalho de montagem do sistema GPS na rádio táxis Invicta.
A central está montada, estão a ser introduzidos dados complementares, nomeadamente, actualização dos ficheiros com informações específicas das capacidades de cada motorista.
Cinquenta veículos já circulam com o monitor devidamente montado. No fim do mês de Junho tudo deve de estar pronto. Os meses de Julho e Agosto são dois meses para experiências, e no início de Setembro vai estar a trabalhar em pleno.
Desejamos as maiores felicidades para a total concretização dos objectivos, assim como também um voto de confiança em todo o vosso trabalho.

DUAS PERSONALIDADES

Estatura média, barba e cabelo brancos, bem vestido, bom nível cultural. Entrou no táxi e:
- È uma corrida pequena mas prefiro deixar a viatura aqui (praça Sá Carneiro) porque já bebi uns copos a mais.
- É preferível assim, até porque as multas são muito elevadas.
- Meu caro amigo, eu sou juiz e quero lá saber das multas para alguma coisa. Senhor Motorista, vamos seguir à rua Costa Cabral, entretanto eu indico o café onde quero ficar.
Seguindo as indicações do Senhor e depois de alguma conversa " da treta " chegamos ao tão desejado café, o taxímetro marcava quatro euros e tal, dá-me dez euros para a mão e…
- Fica com os dez euros na condição de me vir buscar daqui a uma hora.
- Sim Senhor !
Uma hora depois estava à porta do café, aguardei pelo senhor durante meia hora, como não apareceu, vim embora, marcando o taxímetro.
Duas semanas depois, no mesmo local o referido cliente entrou novamente na viatura:
- Mi leva aí por Costa Cabral, qui io te indico o caminho.
E sempre a imitar um sotaque espanhol.
- Eu falo bem português apesar de estar à muitos anos nos Estados Unidos.
Transportei-o para o mesmo café, mas nem lhe dirigi mais palavra. Boa noite.

Crónica

Ao passar pela Avenida dos Aliados está uma bonita estátua a invocar o autor das «Viagens da minha terra» e das «Folhas caídas», o poeta, escritor e político ALMEIDA GARRETT.
Quem sobe a praça Filipa de Lencastre, do lado direito, vê uma série de casas alinhadas e nem sonha que uma delas foi berço e residência do Bravo do Mindelo. Pelo menos, foi o que eu li algures, se bem que estou convicto que a verdade histórica não é como a verdade matemática. Res sunt, ergo cogito. As coisas são, logo penso.
João Manuel Vitorino Seixas

AS CHAVES

O Silveira efectuou uma corrida do hotel Meridien para a rua do Almada. O cliente está notoriamente embriagado. Ao chegar a casa, revela dificuldade em abrir a porta, o Motorista oferece-se para ajudar.
O porta chaves tem várias chaves e como é óbvio o Silveira não sabe qual delas é. Tenta uma, tenta duas, mas entretanto a mulher do cliente apercebe-se do barulho, vem à porta e ao ver o estado do marido, diz:
- Ò homem, estás outra vês bêbado?
- EU? BÊBADO? NÃO! BÊBADO ESTÁ O SENHOR MOTORISTA QUE NEM SABE QUAL É A CHAVE PARA ABRIR A PORTA!

UM SONHO

Dois Motoristas falavam um com o outro, e a conversa era (como não podia deixar de ser) sobre as "corridas" que tinham efectuado, e daí um deles diz:
- Ontem é que fiz um serviço, estava na estação de Campanhã, entrou-me um casal e fui para Lisboa, foi uma viagem fantástica, paramos umas três vezes para petiscar e jantar e pagaram tudo, a viagem correu muito bem.
- E quanto recebeste pela corrida?
- Pois aí é que foi o pior, quando estava para receber, a minha mulher acordou-me.

ESTUPEFACTO
O Marques estava no campo 24 de Agosto quando lhe entrou um casal para transportar a Zebreiros. Naturalmente seguiu, rua do heroísmo, rua do freixo, rotunda do freixo, e finalmente entra na marginal. A determinada altura, e percorridos alguns kilometros, ouve a voz feminina:
- Está quieto!
Não dando muita importância ao assunto, continuava a fazer o seu trabalho. Já muito perto do local a menina pede para parar e que quer ficar ali, o individuo por sua vez diz que é para seguir, e durante um ou dois minutos estão os dois naquele impasse, vai não vai, pára não pára. Até que o Motorista sem saber o que fazer estaciona a viatura e:
- Peço desculpa, não sei o que se passa, mas seria bom decidirem o que fazer.
- Senhor eu quero ficar aqui, até porque já estou a telefonar para o meu namorado para vir ter comigo a este local.
- Não vamos deixar a menina aqui sozinha, diz Ele.
É óbvio, após este diálogo, concluir de que não se tratava de um casal de namorados, nem pouco mais ou menos. Entretanto ficaram à espera do presumível namoro…
O Marques continuava no seu posto de trabalho, quando vê a chegar uma motorizada. Estaciona e de imediato se dirige com agressividade ao motorista agarra-lhe na lapela e
- Mas o que é isto? Não é nada comigo, eu não tenho nada com o que se está a passar!
- Não é com o Senhor motorista, é com este senhor.
O outro sai da viatura, dá um pontapé na moto e deita-a ao chão, e inicia-se ali uma tentativa de ajuste de contas. Mas… por obra do Espírito Santo está a passar no local uma viatura da polícia marítima, o Marques faz sinal, eles param e conta-lhes o que se está a passar. Tudo ficou calmo, e chamaram a GNR.
Longos minutos depois chegou a referida brigada,
- Então como foi o acidente?
- Ó Senhor agente não se trata de nenhum acidente, a moto está no chão porque a empurraram! ( e conta o que se está a passar)
- Sendo assim, temos de chamar outra equipe, porque este assunto não é connosco.
Mais uns largos minutos e lá chegou a brigada que finalmente iria tomar conta do caso. Identificaram todos os intervenientes , ouviram os mesmos, e eis a versão do individuo que a acompanhava ;
- Estava na paragem das camionetas, não sabia muito bem os horários, até que apareceu aquela menina e disse ainda faltar algum tempo, então convidei-a a ir ao café tomar alguma coisa, Ela aceitou, fomos conversando animadamente, entretanto regressamos ao terminal de camionagem, não se vislumbrava qualquer transporte, decidi ir de táxi para Cebolide, e que lhe dava boleia ao que Ela aceitou, foi só isto.
Tudo voltava à normalidade, o namorado foi pedir desculpa ao motorista pela sua atitude, O Agente perguntou ao Marques se queria apresentar queixa, e se queria continuar o transporte para Cebolide.
-Senhor Agente quero é que me paguem a corrida, já chega as horas que eu estou a perder.
-O Senhor tem dinheiro para pagar ao Motorista?
- Graças a Deus não me falta dinheiro! ( e puxa por um maço de notas)
- Então vamos lá, eu vou levá-lo.
E lá foram para Cebolide, pagou a corrida e durante a viagem lá foi a contar como tudo aconteceu. Mesmo assim o mais prejudicado foi o motorista que esteve retido durante umas largas três horas.

ANTÓNIO ALEIXO

O poeta António Aleixo, cauteleiro e pastor de rebanhos, cantor popular de feira em feira, pelas redondezas de Loulé (Algarve - Portugal) é um caso singular, bem digno de atenção de quantos se interessam pela poesia.Nasceu em Vila Real de Santo António a 18 de Fevereiro de 1899 e faleceu em Loulé a 16 de Novembro de 1949.Não sendo totalmente analfabeto, sabe ler e leu meia dúzia de bons livros - não é porém capaz de escrever com correcção e a sua preparação intelectual não lhe deu qualificação para poder ser considerado um poeta culto. Mas ficou sendo conhecido por o maior poeta popular (O poeta do povo).

POESIA

Vós que lá do vosso Império
prometeis um mundo novo,calai-vos,
que pode o povoqu'rer
um Mundo novo a sério.


Uma mosca sem valor
Poisa c'o a mesma alegria
na careca de um doutor
como em qualquer porcaria.

P'ra mentira ser segura
e atingir profundidade
tem de trazer à mistura
qualquer coisa de verdade.

Em não tenho vistas largas
Nem grande sabedoria
Mas dão-me as horas amargas
Lições de Filosofia.


Sumário
· Sistema GPS
· Duas Personalidades
· Crónica
· As Chaves
· Um sonho
· Estupefacto
. Antonio Aleixo